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Arquitetos: Nuno Valentim, Arquitectura e Reabilitação, Lda.
- Área: 330 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:João Ferrand
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Fabricantes: AD/CBC, AutoCAD, Azulima, Coelho Silva, Gercima, Imperalum, J. Brás C, Knauf, Onduline, Robbialac, Roca, Rodi, Secil, Sika, Technokolla, Velux, Weber, Wedi
Descrição enviada pela equipe de projeto. O lote, objecto da intervenção, é definido por duas frentes – uma para a Rua Monsenhor Manuel Marinho e outra para a Rua Fonte da Luz. O edificado pré-existente é composto por um pequeno edifício de habitação (88m2) e um conjunto de anexos no logradouro. O projecto surge como resposta à necessidade urgente de reabilitação do edifício e instalação de cinco unidades de alojamento.
A proposta de intervenção contou com a ampliação e reabilitação do edifício, que se encontrava desabitado ao momento, mantendo o uso habitacional e organizando o espaço em cinco fracções – duas no piso térreo, duas no piso intermédio e uma no piso superior, flexíveis em termos de área para resposta às diferentes exigências de habitação. Demoliu-se os anexos e garagem existentes para recuperação do logradouro com função de jardim.
A proposta de reabilitação procurou preservar as características morfológicas da habitação existente. Manteve-se o edifício principal e suas paredes envolventes originais em alvenaria de granito, adaptando o interior que se encontrava bastante adulterado.
A alteração do sistema construtivo original não deixou, no entanto, de atender às características do edifício existente, aos materiais e ao tipo de caixilharia escolhidos, à sua relação com o exterior, às cotas dos pisos existentes, valorizando a possibilidade de relação dos espaços interiores do edifício com o exterior. A abertura de vãos nas fachadas a nascente e tardoz permitiram um aumento significativo de iluminação do interior do edifício. O espaço do piso inferior, a meia-cave para a Rua Monsenhor Manuel Marinho e à cota do terreno para a Rua Fonte da Luz, ganhou muita luz com a abertura da fachada tardoz e uma franca relação com o jardim. Propôs-se a ampliação deste edifício no tardoz, com uma estrutura leve, envidraçada, como tradicional no Porto século XIX/ início do século XX, seguindo o alinhamento do edifício adjacente e a proporção dos vãos de fachadas tradicionais.
No logradouro, o projecto procurou reforçar a permeabilidade e relação urbana através da replicação de gradeamento em ferro existente na vizinhança (tradicional neste tipo de edifícios), associado à vegetação. Esta solução ajuda a filtrar e garantir privacidade, beneficiando simultaneamente a envolvente do ponto de vista paisagístico. Quanto ao pátio frontal (à Rua do Monsenhor Manuel Marinho), manteve-se o pavimento existente em lajeado de granito. O novo volume na cobertura de quatro águas, por sua vez, propôs-se recuado relativamente aos planos de fachada de modo a distinguir-se destes. O revestimento é em telha cerâmica à semelhança do que acontece repetidamente na nossa cidade em pisos recuados e empenas.
Um armário percorre longitudinalmente o interior do edifício e organiza diversas funções distinguindo áreas de serviço e circulação de áreas de estar/dormir, e concentrando a passagem de infra-estruturas. A divisão do espaço e a organização das fracções foi desenhada para ser ajustável, consoante a necessidade, de modo que, mediante portas comunicantes, se possam associar diferentes apartamentos quer no piso inferior quer no piso intermédio.