-
Arquitetos: AB+AC Architects
- Área: 120 m²
- Ano: 2021
-
Fotografias:Ricardo Oliveira Alves
Descrição enviada pela equipe de projeto. AB+AC Architects projetou um centro cultural dedicado a promover inovação e self-healing através das artes: um espaço de luz e materiais naturais onde a cidade de Lisboa é convidada a desligar-se do caos urbano da vida quotidiana e a construir novas e mais significativas conexões, através de uma variedade de atividades que vão desde o movimento e co-criação artística, até experiências de imersão com artistas locais e internacionais.
No meio da segunda onda da Covid-19, o atelier AB+AC Architects é convidado pela NGO americana, Open Hearts, a projetar o seu primeiro centro experiencial dedicado á encontros culturais, aprendizagem holística e co-criação. O site do projeto encontra-se no rés-do-chão de um edifício do século XIX, numa viela estreita do bairro histórico do Bairro Alto, trazendo consigo o desafio de transformar uma unidade comercial escura e inativa num espaço de luz capaz de evocar tranquilidade e pensamento positivo em seus convidados.
O projeto se inspira no conceito sagrado de shala - uma palavra que em sânscrito significa casa - onde as pessoas costumam se reunir para praticar yoga, aprender e crescer. Agora, o shala se expande além do propósito inicial e é reinterpretado numa casa comunitária com uma residência para artista interna. O seu layout é pensado como uma sequência de quartos que procedem de uma experiência pública próxima a rua com o salão principal polivalente até uma zona de convívio onde a cozinha aberta se estende pelas escadas até um pátio íntimo habitado por plantas tropicais e pavimentado com seixos de pedra vulcânica. Entre as áreas públicas e privadas está o lounge, um espaço longo e estreito com um sistema de iluminação difusa que se estende por oito metros e oferece um ambiente ideal para pequeno eventos de arte e exposições individuais.
Para acentuar o plano aberto e a circulação contínua dum espaço para o outro, atenção especial foi dada ao desenho dos elementos das soleiras; aqui, o arco existente em calcário do edifício histórico dialoga com um portal mais contemporâneo e geométrico revestido a madeira de bétula. Disfarçado entre esses painéis, está o acesso a uma residência de um quarto com sala do banho privada onde a Open Hearts pode acomodar qualquer artista que deseje produzir e compartilhar seu trabalho com a comunidade local.
Em geral, a organização dos espaços esta focada na necessidade de flexibilidade e adaptabilidade do centro ao longo do dia. Portanto, soluções de projetação como ter compartimentos de armazenamento escondidos atrás de paredes de espelho de bronze, ou cortinas contínuas em material sintético que envolvem o salão principal, permitem que o espaço se transforme em diferentes configurações adequadas a uma vasta gama de atividades como danças antigas, yoga e práticas de meditação, cursos de respiração, experiências de arte culinária, workshops de escritura criativa, exibições de filmes, exposições de arte multimídia, sessões terapêuticas individuais.
Concebido como uma resposta a um mundo acelerado onde incríveis descobertas tecnológicas se encontram com graves crises de saúde, climáticas e ambientais, o projeto do centro cultural Open Hearts quer convidar a discussão sobre formas mais conscientes de construir os espaços que habitamos. Como parte de uma pesquisa continua do AB+AC Architects, o projeto optou pelo uso de materiais naturais como madeira, pedra e tintas orgânicas unidos pela escolha de uma paleta de cores quente mas ao mesmo tempo minimalista. Longe do conceito ligado ao existenzminimum da Alemanha do século passado, os arquitetos pretendem usar a arquitetura como ferramenta para estimular uma forma organizada e equilibrada de viver por meio de soluções inteligentes de projetação que convidem o utilizador a refletir sobre o que é verdadeiramente essencial para o nosso bem-estar.