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Arquitetos: Studio Gameiro
- Ano: 2018
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Fotografias:Tiago Casanova
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Fabricantes: Augusto, Constantinos, Jorge, Marcant, Sr. Aurelio, Sr.Joaquim, Sr.Roque, Sérgio, Vidraceiros
Descrição enviada pela equipe de projeto. O apartamento é localizado num edifício de 1819, tipicamente ‘Pombalino’ tardio, inserido num dos bairros históricos do centro de Lisboa. As soluções adoptadas propõem celebrar o carácter histórico existente e de forma equilibrada introduzir elementos contemporâneos. Uma operação holística que valoriza as técnicas e elementos tradicionais portugueses assim como potenciar a luz natural ímpar e vistas de Lisboa O apartamento está localizado numas águas-furtadas no 5ºpiso de um edifício de fachada de azulejo azul escuro e cantarias de pedra. O corredor de entrada do apartamento divide a área social (traseira) e a área privada (frontal). A área social inclui uma cozinha aberta para a sala ‘open-plan’, casa-de-banho e um terraço exterior.
Paredes de argamassa e pigmento umbra naturais, uniformizam todo o apartamento em que aberturas pontuais revelam apontamentos históricos e vãos para o exterior. Estes apontamentos incluem frescos originais de 1819, cruz de Santo André e paredes e tectos de tabique.
O pavimento das áreas privadas é de tábua corrida de madeira de Riga original. O pavimento da área social é um pavimento novo de mármore e cimento branco. Este pavimento, chamado de ‘Terraço’, foi criado propositadamente para este projecto e foi inspirado nos pavimentos de desperdício de mármore aplicado nos terraços e garagens das casas dos países Sul-Europeus. Este estende-se desde o terraço exterior, por toda a área social e casa-de-banho. Os pedaços de mármore foram esculpidos manualmente por artesãos, adquirindo formas de geometria semelhante entre si e aplicados de forma livre mas ordenada.
As janelas de ferro lacado a preto, na fachada tardoz e sul, para acesso ao terraço exterior, seguem a mesma forma da janela de madeira da trapeira frontal e proporcionam luz natural em abundância assim como o enquadramento das vistas de rio e de jardim. O mobiliário de cozinha é embutido e dá continuidade aos tons de pastel das paredes. De materialidade e pantone semelhante às mesmas, este assume frentes texturadas, inspirada na textura da cantaria de pedra da chaminé, que foi restaurada.
Em diversos momentos, foram criadas aberturas no tecto, expondo a estrutura de madeira original das trapeiras e permitindo a entrada de luz natural e artificial indirecta. O quarto da frente, sempre que apropriado, retém grande parte dos elementos originais, como os frescos originais à volta da janela, a própria janela foi replicada para uma janela de madeira de vidro duplo, o tecto ‘saia e camisa’ foi recuperado e o pavimento de tábua corrida existente foi lavado a cal e aplicado um óleo natural incolor. As portadas e portas interiores foram recuperadas e pintadas a tinta de água e do mesmo pigmento natural do que foi usado nas paredes de argamassa de barro.
A cama dupla, propositadamente desenhada para este quarto, foi pensada de forma a que permite a colocação de um colchão duplo, com acesso à varanda através de uma plataforma pivotante. A estrutura é feita de apenas 7 peças e não leva parafusos, facilitando o transporte e rápida montagem. O quarto virado a sul, com duas pequenas janelas, tem um tecto de águas e um walk-in closet. O tecto ‘saia e camisa’ foi recuperado e mantido e os frescos originais destapados. Foi aplicada nas paredes a mesma argamassa natural e reversível de forma a preservar os frescos, danificados no passado, de uma forma ordenada e controlada. As tomadas e interruptores foram colocados horizontalmente sobre uma faixa que existia entre os painéis de frescos, de forma a não os danificar. O walk-in closet também expõe os elementos originais existentes por meio de uma parede de espelhos, alterando também a percepção das dimensões do quarto.