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Arquitetos: MAIO
- Área: 2795 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:José Hevia
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto visa enfatizar tudo o que consideramos valioso na tradição tipológica de habitação no bairro Eixample de Barcelona. Assim, os pavimentos tipo são formalizados seguindo a distribuição dos mesmos (ou quase os mesmos) cômodos que tradicionalmente caracterizavam os blocos habitacionais do final do século XIX na região. Uma característica que permitiu aos apartamentos modificar a forma como eram ocupados ao longo das décadas, sem grandes mudanças arquitetônicas mas com um sistema aparentemente rígido permitindo que seu uso mudasse com o tempo.
Partindo desta condição tipológica, o edifício foi concebido como um sistema de 110 habitações que podem ser utilizadas conforme pretendido. Cada apartamento pode ser ampliado ou reduzido, quartos adicionados ou removidos, para atender às necessidades futuras de seus habitantes. Com essa flexibilidade em mente, os cômodos são semelhantes em tamanho, eliminando qualquer tipo de hierarquia espacial e predeterminação do programa.
Cada pavimento contém 20 ambientes e, inicialmente, cada nível está dividido em um conjunto de 4 apartamentos de 5 quartos cada onde os quartos são interligados, não sendo necessário corredor. Uma cozinha é colocada no meio atuando como o centro, enquanto os outros cômodos podem ser usados como quartos, salas de estar, etc. Essa flexibilidade é possível devido à localização dos banheiros, onde todas as instalações são colocadas como pontos de abastecimento.
O térreo recupera a linguagem popular dos antigos cômodos do bairro Eixample onde, através de mobiliário e grandes objetos habitáveis, o espaço é organizado para acolher diferentes utilizações. Aqui, estes móveis são transformados em volumes de mármore em meio a um grande espaço aberto (onde literalmente chove, permitindo que o cômodo seja entendido como um prolongamento da rua).
Algo semelhante acontece com a fachada, onde a composição arquetípica tradicional foi simplesmente replicada para consolidar as aberturas, varandas e persianas de madeira pré-existentes. Zero invenções, pura reprodução. A fachada é revestida com o tradicional reboco de cal que, como frequentemente acontece, representa, através da sua estampa, a memória dos seus antigos habitantes.