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Arquitetos: Barq's taller de arquitectura
- Área: 149 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Gonzalo Viramonte
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Fabricantes: DLF hierros, Frio Star, Marco Aluminio
“Como arquitetos, projetar a nossa própria casa ainda é um desafio, um processo em constante transformação”. O terreno está localizado na periferia da cidade de Alta Gracia, em um lote que se caracteriza pelo cuidado com a mata nativa. No centro do terreno estão duas grandes árvores que foram as musas inspiradoras do projeto. Como premissa estava a preservação do maior número de árvores possível e que a casa - ateliê fosse permeada por essa geografia. Para isso, ela foi disposta no centro do lote, liberando o canto e utilizando materiais austeros, com concreto e tijolo aparente, em volumes refinados.
A implantação surge destas características e é concebida em formato de "L", um volume que corresponde à casa voltada ao norte e outro em direção a rua, que é o estúdio e ateliê. Ambos volumes estão interligados através da garagem e abraçam o pátio gerando um espaço de contenção e privacidade, inspirado na tipologia do claustro. A casa possui um pátio interno, onde também foram mantidas árvores, que separa a área pública (cozinha, sala de estar, sala de jantar) da área privativa (quarto). Ao mesmo tempo, envolve um corredor envidraçado que permite a ligação entre os dois jardins, eliminando assim os limites visuais exterior - interior. Os recursos disponíveis eram limitados, pelo que se pensou numa casa de dimensões mínimas mas com grande altura. Tanto a altura como a luminosidade do pátio interior criam um espaço amplo. O espaço de trabalho que chamamos de ateliê era uma exigência importante, assim como o espaço de convivência, separando o trabalho da vida doméstica com dupla entrada, tanto pela rua como pela garagem. O volume fecha-se para a rua e abre-se com um plano envidraçado para o interior, proporcionando luz e vistas para a vegetação existente.
A garagem aberta funciona como elemento de articulação entre os dois volumes e contém uma expansão do piso de tijolo, espaço de encontro guardado pela sombra da árvore, o que implicava no fato de que o projeto do telhado da garagem precisaria ser perfurado para abrir caminho para esta árvore nativa altamente valorizada. Neste espaço acontece a magia das reuniões e do compartilhamento. As árvores são a nossa galeria, permitem-nos o sol no inverno e a sombra no verão, gerando um ambiente tranquilo. O uso de materiais acompanha a ideia de austeridade, economia de recursos e materiais locais. Foi construída uma parede dupla de tijolo à vista, mostrando também o seu interior, com o concreto presente na viga inferior e superior. O portão de entrada é em chapa metálica e copia o padrão do tijolo, gerando um jogo de luz e sombra. Há ainda esquadrias de alumínio e vidro, concreto no piso da oficina, madeira na casa. Como afirma Peter Eisenman, “a arquitetura da qual nos lembramos é aquela que nunca nos conforta nem nos conforma”, assim continuamos a transformar a nossa casa junto com o ambiente.