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Arquitetos: Lopez Gonzalez Studio
- Área: 528 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:César Béjar Studio, Rodrigo Chapa
Descrição cedida por Alfonso Fierro. Projetada para uma família que está crescendo, a casa propõe um modo de vida baseado em um diálogo contínuo com a paisagem na qual está situada. Sua face externa escura lhe confere solidez enquanto evoca a possibilidade de uma formação esculpida para abrigar um lar do lado de dentro. Alguns gestos formais reforçam esta sugestão, tais como os espaços que separam o volume na forma de rachaduras ou as janelas que aparecem pontualmente, com um ritmo equilibrado, em diferentes pontos ao longo das paredes. Da mesma forma, sua rota propõe um jogo mutável de luz e sombra, entrelaçando caminhos que se fecham, se abrem, se estreitam ou se alargam e levam a espaços abertos que garantem tanto o ar livre quanto a privacidade.
Terraços e janelas, por sua vez, estabelecem uma conversa permanente e mutável com a vegetação exuberante que circunda o terreno da casa. No ecossistema da arquitetura, as plantas assumem um papel de protagonismo, estabelecendo uma relação simbiótica semelhante à que existe entre musgo e a rocha. Do lado de dentro, as janelas - que assumem formas e tamanhos diferentes - tornam-se aberturas que emolduram elementos naturais, convidam a olhar para a cor verde e preenchem os espaços com luz. Ao mesmo tempo, estas janelas confundem o limiar que separa o interior do exterior, gerando, ao invés disso, uma sensação de amplitude máxima. Do lado de fora, uma vez passado as plantas que circundam e escondem o edifício como um objeto precioso esquecido no fundo de um baú, as janelas oferecem vislumbres fugazes da vida, apenas um punhado de sugestões do que acontece no dia-a-dia. À noite, a casa fica perdida na escuridão. O que resta são pequenas lacunas de luz que iluminam uma coleção de fotos do cotidiano.
Se, na visão de fora, o que domina é o tom rochoso das paredes, assim como o verde da vegetação, por dentro, a madeira desempenha um papel essencial. Ela aparece em vigas, em estantes e armários, ou nos móveis utilizados no dia-a-dia da casa: a cadeira, a mesa, a cama, a porta. Além de trazer calor para o interior, o uso da madeira estabelece uma nova conversa com a paisagem. O pinheiro novamente sugere que é a paisagem que dita as próprias chaves para um habitat duradouro capaz de se ancorar em seu território. Sua leve tonalidade une o preto do exterior, o verde das plantas e o vermelho dos quadros como as cores mais visíveis. A modesta presença do último destes, o vermelho, contrasta de forma marcante com os outros três, como uma flor, de modo que a paleta articula um conjunto equilibrado capaz de se misturar com seu entorno.
Neste sentido, propõe uma ideia do habitar baseada nas características, condições e recursos do território. Da mesma forma, a arquitetura é projetada para que o tempo possa fazer seu trabalho sobre o que é construído: que as plantas cresçam, que as paredes umedeçam, que o volume se torne cada vez mais identificado com seu entorno. Ela estabelece uma filosofia de construção na qual o trabalho não termina (mal começa) no ponto em que a casa começa a viver.