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Arquitetos: Carlos Castanheira
- Área: 3728 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
Descrição enviada pela equipe de projeto. A chegada à Quinta é surpreendente. O suave ondular da vinha permite a absorção quase total da propriedade. Ao fundo a Casa Grande domina os cinquenta hectares de paisagem abraçando-a e dominando-a. Um pequeno rio - afluente do rio Dão - serpenteando, limita a propriedade a sudoeste.
Conta a história - e outras estórias - que por ali andaram monges e frades. Também romanos. Todos à procura da qualidade das vinhas e do vinho. Ao fundo, a sul, existia um armazém que urgia transformar em adega. O projeto reestrutura a construção existente transformando o precário edifício existente numa adega de 2.500 m2, a Adega da Taboadella.
Apoiado pela Equipa Técnica responsável pela produção e vinificação, o projeto caracteriza-se por duas grandes Naves onde a produção e envelhecimento se organizam e distribuem. A norte um Cais de Receção permite que a azafama da vindima se proceda com método e rigor.
Por gravidade a uva passa por uma série de equipamentos e procedimentos criteriosos até se transformar em vinho. Processos e métodos indústrias onde não se descuida a necessidade constante e intemporal do cuidado manual, do carinho humano. A Nave da Cubas, assim denominada, alberga uma fileira de 15 cubas troncocónicas em aço inox para vinho tinto, 8 cubas troncocónicas em aço inox para vinho branco e outra fileira de 10 cubas em microcimento. Um mezanino permite o acesso por gravidade a todas as cubas, facilitando os procedimentos e garantindo os métodos e assim a qualidade desejada. No mezanino sobre a entrada da Nave há um espaço de Laboratório e áreas para experimentação vinícola.
A Nave da Barricas, numa primeira fase, alojará 400 barricas. Este generoso espaço permitirá o repouso até 800 barricas. Sobre a entrada, uma grande área será reservada para a receção de visitantes, para a degustação de vinhos assim como a sua avaliação. Como um belvedere sobre a Quinta e a Casa Grande, uma grande varanda permitirá gozar do sossego de bebericar um bom vinho abraçado pela paisagem de uma bela vinha, de uma bela paisagem. O percurso de visita de especialistas e amantes do vinho é possível sem conflito com os percursos ou circuitos de produção.
No tardoz são organizadas as áreas técnicas de equipamentos e os arrumos de materiais, numa relação direta de função e produção. Todos os procedimentos foram alvo de atenção, assegurando uma responsabilidade ecológica, garantindo o presente, mas sobretudo com a preocupação de que o futuro seja ainda melhor. A Luz e a Sombra que lhe resulta são preocupação constante.
Tal como com o vinho, o balanço e equilíbrio é necessário. A presença da luz é permitida justamente o necessário para que a sombra crie o ambiente e a temperatura que uma adega tem que ter. A sua integração no terreno, na Quinta e na Paisagem, o dourado da madeira da estrutura – algo diferente - o revestimento a cortiça - que a curto prazo assumirá a cor de prata - irão personalizar a Adega da Taboadella como local único onde se faz um néctar único, como referido pelos antigos e como será mencionado, e apreciado por nós e pelo futuro.
A Quinta da Taboadella, qual fénix, renasce rejuvenescida, mas, sobretudo, atualizada onde pura produção se une à estética e aos bons gostos.
A Adega será - certamente - o culminar do que o ambiente, a paisagem e a transformação que o Homem sobre ela exerce nos oferecerá; excelentes Vinhos do Dão.
Dia de São Martinho - padroeiro da vinha e do vinho, 2018
Carlos Castanheira.