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Arquitetos: Arquitectos Aliados
- Área: 1780 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:João Morgado
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Fabricantes: Cosentino, Amorim, Azulima, BRUMA, CIN, Geberit, Knauf, Mosaics Torra, Roca, Sika, Weber, Wedi
Descrição enviada pela equipe de projeto. A obra localiza-se no centro histórico do Porto, na Rua do Almada, numa das artérias mais importantes da cidade, a curta distância da Praça da Liberdade e das Avenida dos Aliados.
Inserido numa zona histórica protegida (classificado como património da UNESCO), a proposta / programa prevê o emparcelamento (união física e funcional interior) das duas edificações existentes, outrora com funcionamento autónomo e usos diferenciados (comércio, armazém e habitação). Resulta assim numa “única” edificação com dois estabelecimentos comerciais e dezoito frações habitacionais de diferentes tipologias.
Numa cuidada reabilitação da “volumetria” exterior das edificações existentes, houve a necessária reconfiguração interior (tanto a nível compartimentação como estrutural), resultado do elevado estado de degradação e, também, da adaptação aos novos usos. Apesar da nova proposta de compartimentação procura-se manter as características intrínsecas originais de cada edificação principal, resultado da identidade própria de cada uma - volumetria, nas fachadas e nas coberturas.
Tratando-se de edificações inseridas em parcelas estreitas (~5.50 metros de frente) e profundas (~35 a 48 metros de comprimento, no caso), característica da parcela típica do sec. XVIII / XIX desta zona da cidade, o projeto preconiza a abertura de vários saguões / pátios, de diferentes níveis e dimensões, tanto para a ventilação como entrada de luz natural para zonas comuns, frações comerciais, no piso térreo, e habitacionais, nos pisos superiores. Resultam seis pátios / saguões, cinco dos quais acessíveis (terraços) mas com diferentes caracterizações.
Manteve-se um dos núcleos de escadas da edificação com a cércea mais elevada que foi alvo de recuperação. Na segunda edificação a caixa de escadas original (já muito desvirtuada pelos anteriores usos) foi substituída por um pátio até ao nível do piso 1.
Em particular, as frações habitacionais foram-se “moldando” ao perímetro original de cada parcela, desenvolvendo-se em torno dos pátios propostos. As tipologias habitacionais, entre um a três quartos, adaptam-se também às cotas originais dos pisos existentes, aproveitando ao máximo os pé-direitos existentes.
Assume-se diferentes aproximações na intervenção dos “pisos” de carácter residencial, com os compartimentos de frente da rua e tardoz “reabilitando” ou “reinterpretando” carpintarias / guarnições originais em madeira esmaltada inseridos nos vãos existentes e detalhes como rodatectos e lambrins. Em contraponto, para os compartimentos que se desenvolvem ao longo da parcela, é permitida uma abordagem contemporânea, quer ao nível de fachadas interiores (pátios / saguões) quer ao nível de detalhe de carpintarias (janelas, portas, etc).
Na combinação de materiais tradicionais existentes [madeira maciça (soalhos e caixilhos), mosaico hidráulico (pavimentos), mármore (pavimentos e paredes), chapa ondulada pré-lacada (paredes), alvenaria de pedra (paredes)] procurou-se valorizar a inserção das frações nas edificações pré-existentes do sec. XIX, mas também reinterpretando-as aos novos usos e necessidades da “habitação”.