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Arquitetos: Estúdio Módulo
- Área: 7500 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Manuel Sá, Marcus Damon
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Fabricantes: AJL, CCL, Decore SC, Doril Pinturas Pintura, GF Esquadrias, Metalville, Metrea, StahlSeg
CONTEXTO
Em 2018, a empresa Perini Business Park promoveu um concurso de projetos, nacional e aberto, objetivando construir um novo parque tecnológico em seu condomínio, o maior parque empresarial multissetorial da América Latina, situado no Distrito Industrial de Joinville, em Santa Catarina.
As propostas deveriam apresentar um masterplan de ocupação de uma área de aproximadamente 70.000m2 envolta por uma área de mata preservada, e, inserido nele, o projeto de uma edificação sede.
Ainda em 2018, iniciou-se a implantação do masterplan com a construção do primeiro edifício e sede, o Ágora HUB. O projeto do edifício Ágora MOB, dá sequência a implantação do masterplan com 7.500m² dedicados a locação de escritórios de empresas no ramo industrial e tecnológico.
MASTERPLAN
O masterplan pensa o Ágora Tech Park como um polo de atração para o encontro entre sociedade, iniciativa privada, academia e governo, contribuindo para o desenvolvimento regional através de benefícios socioeconômicos para Joinville e Santa Catarina. O projeto oferecerá ambientes de alta qualidade para as atividades de pesquisa, desenvolvimento, trabalho e lazer, oferecendo atrativos para empresas de alta tecnologia. Para isso, a proposta se apropria de conceitos de uma cidade inteligente, atendendo questões relacionadas ao meio ambiente, infraestrutura, mobilidade, qualidade de vida, ecoeficiência e a integração de soluções diferenciadas.
A implantação se harmoniza com o Condomínio Perini Business Park através das linhas retas dos edifícios, das poucas alterações na malha viária, do tráfego de pessoas e veículos. Novas faixas de pedestre serão criadas para facilitar o acesso de pedestres e ciclistas ao novo parque. A proposta se organiza ao redor da mata existente. Apenas algumas alterações serão feitas, para tornar a vegetação mais agradável para a interação. A preservação da vegetação enfatizará o compromisso do parque tecnológico com sua ecoeficiência.
O primeiro edifício, o Ágora HUB, ocupa a esquina do complexo por ser um local privilegiado visualmente e estratégico para o restante da construção do parque.
ÁGORA MOB
A implantação do Edifício 2, Ágora HUB, articula duas cotas: o acesso principal pela Av. Perini, que corta o talude com paredes de arrimo em concreto e permite acesso ao bosque que será implantado entre os edifícios e a mata preservada. Nesse nível, o átrio com pé direito triplo organiza a chegada, as circulações verticais e a sala de múltiplo uso; já na segunda cota, o nível superior dá sequência ao eixo norte, se conectando à cota do edifício sede. O passeio articula de um lado a vista para a mata preservada e de outro, lojas e lanchonetes. O edifício é fechado por vidro e pele em telha perfurada nas faces leste e oeste, com rasgos estratégicos na fachada que demarcam acessos, áreas comuns e salas especiais. Na face norte, a telha perfurada é montada como brise horizontal. Na face sul, a pele de vidro tem modulação variada, criando dinâmica na fachada.
ANFITEATRO
No ponto de bifurcação dos eixos ordenadores do masterplan, realizando a transição entre a cota da marquise e o bosque, propõe-se uma grande escadaria externa acomodada no talude. Através da adoção de degraus duplos, ela assume também a função de arquibancada, criando um anfiteatro entre o Edifício 1 (HUB) e o Edifício 2 (MOB). No seu ponto de chegada conforma-se uma praça de acesso ao bosque. A praça, com o apoio da arquibancada receberá eventos ao ar livre, como palestras e shows. Em situações cotidianas pode ser usado como local de pausa e descompressão com contemplação do bosque e mata.
VAZIOS E FOCOS VISUAIS
Internamente, o edifício é organizado de forma pragmática, com corredor central e escritórios que ocupam o perímetro do edifício. A modulação é pensada para se adaptar a tamanhos diversos de salas, que variam entre 50m2 e 120m2. O pragmatismo extremo é rompido nas circulações, onde são posicionados vazios pensados para melhorar o conforto ambiental do edifício e para promover as possíveis relações visuais. O átrio é a grande área de encontro do edifício. É onde as relações visuais dos trabalhadores e visitantes se intensificam, assim como as relações entre o dentro e o fora se fortalecem.
CONFORTO AMBIENTAL
A pele metálica micro perfurada que envolve as fachadas leste e oeste atenua a luz solar, reduzindo o aquecimento interno da edificação, ainda que permitindo a passagem controlada de luminosidade e visuais de dentro para fora. Nos corredores de acesso dos escritórios, tomou-se partido da necessidade de dispor escadarias resolvendo a rota de fuga em situações de emergência para criar vazios alinhados entre os pavimentos. No quarto e último andar, a cobertura é pensada para permitir a entrada de luz natural e a exaustão do ar quente que sobe até o último pavimento, configurando o efeito chaminé. Na fachada norte, brises horizontais em angulações variadas protegem a fachada de insolação direta. Por serem feitas do mesmo material da pele, telha micro perfurada, permitem a passagem de iluminação filtrada, e estabelecem a unidade do conjunto.
SISTEMA CONSTRUTIVO
Assim como no primeiro edifício do complexo, a adoção de sistema estrutural em peças pré-moldadas (fundações e pilares hiperestáticos) combinados com elementos moldados inloco (arrimos e laje nervurada), aliada ao uso de componentes construtivos industrializados em maior parte da edificação, permitiu uma obra rápida e seca.