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Arquitetos: Domitianus Arquitectura
- Área: 394 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Inês d’Orey
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Fabricantes: AutoDesk, Azulima, CARPINTARIA MATEUS, Efapel, Liftech, Secil, Torrense, VMZINC
Descrição enviada pela equipe de projeto. Santa Isabel é uma freguesia de Lisboa, localizada junto ao romântico Jardim da Estrela. A estrutura urbana deste bairro foi projetada no século XVIII, quando as cercas de vários conventos e mosteiros foram demolidas para criar parcelas urbanizáveis. Ao longo do século XIX, a imagem da cidade foi mudando, com novas ruas e edifícios residenciais, projetados por especuladores imobiliários, seguindo as tipologias e soluções correntes da época.
A área de intervenção resultou deste processo. Um antigo prédio de dois andares, do século XIX, apresentava-se com a estrutura de madeira danificada e em risco de colapso interno devido às sucessivas transformações ocorridas ao longo dos anos. O projeto atendeu a um programa de moradia unifamiliar, com o objetivo de alcançar uma expressão arquitetônica intemporal. O desenho partiu do edifício existente, integrando partes da antiga fachada na morfologia renovada, que recebeu um novo piso.
O conceito da intervenção assentou na manipulação das proporções e detalhes, pretendendo inscrever opções arquitetônicas no sentido de continuidade da cidade. Os elementos preservados definiram a composição, contribuindo para diluir os limites do tempo na imagem arquitetônica do edifício.
As novas janelas, encerradas por portadas de madeira, foram colocadas no limite interior da fachada. As portas da garagem, em aço, são coplanares com a fachada. A cor cinza clara envolveu toda a composição, exceto na porta de entrada, pintada mais escura e no teto de madeira da trapeira, criando uma vibração sutil no conjunto. A organização interna foi ajustada à topografia existente. No piso acima da garagem e do hall de entrada, as áreas sociais da casa abrem-se para um pátio revestido a azulejos de cor caramelo. A área é composta por dois níveis, um deles corresponde à sala de estar, em ligação direta com o pátio, o outro integra a cozinha e a sala de jantar com pé direito duplo no centro da casa. O espaço, foi concebido como uma estrutura tridimensional, que relaciona o volume interior da casa com o vazio do pátio.
Os tetos em concreto aparente resultam de encofrados de tábuas de madeira. A sua textura estabelece uma relação com o antigo sistema de madeira utilizado na construção original. A luz interna é filtrada pelas superfícies das paredes, pavimentos e tetos, produzindo uma experiência misteriosa e tranquila. A sequência dos espaços interiores é fluida, evitando compartimentos rígidos. Os degraus em lâminas de madeira contribuem para reforçar esta ideia, proporcionando uma ligação transparente em toda a habitação.
Os corredores foram produzidos como parte do programa, permitindo a realização de atividades informais. A estante situada no 2º piso, é um desses espaços, pensado como uma pequena biblioteca que comunica com a sala de jantar por uma janela interna. A trapeira do 3º andar cobre um espaço amplo, que se estende até uma varanda, onde é possível ver o rio Tejo. O espaço integra uma estante de livros e um piano, sugerindo a atmosfera de um sótão pairando sobre a cidade.