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Arquitetos: PHYD Arquitectura
- Área: 9 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:emontenegro / architectural photography
Descrição enviada pela equipe de projeto. No exercício da arquitetura recorremos muitas vezes às memórias que vivemos. Memórias que, quando confrontadas com determinadas circunstâncias, auxiliam na construção de um imaginário que, por sua vez, resulta numa determinada espacialidade composta por forma e matéria.
A condição singular do desenho de um jazigo contém em si um imaginário que remete para a memória da vida, para a criação de um espaço que, pela sua natureza, suporte o peso da memória. Que a faça permanecer no tempo independentemente dos ciclos, das estações, da cadência regular dos eventos naturais, mas também da sequência linear do tempo do Homem: nascer, crescer e morrer. Um espaço que, na sua imobilidade, faça parte do tempo eterno, que contenha em si a memória da vida e que seja dela permanência.
Deste desafio surge a questão: o que é fazer permanecer, cristalizar no tempo uma memória? Na história, a Arquitetura fúnebre assume um papel de relevo e destaque desde a antiguidade, facto ao qual não será certamente alheio o enigma da morte. No entanto, apesar do fascínio que a metafísica possa ter na arquitetura, as reflexões concretas do ato de projetar são sobejamente mais prosaicas.
O projeto começa com um bloco de pedra lioz com as dimensões 3x2x1,20m a partir do qual são desenhadas individualmente 87 peças. Todo o sistema construtivo é desenvolvido a partir destas peças, como um puzzle. A precisão do sistema está no controlo das medidas, no rigor do desenho dos encaixes, dos entalhes e das junções, em que cada transição é cuidadosamente pensada tendo por objetivo a máxima eficácia construtiva.
O resultado final surge da utilização criteriosa da matéria disponível. Pedra que começa, de certo modo, a sua vida, passando de bloco a forma humana; numa alternância de forma, que repousará nestes e noutros tempos, libertando sucessivos níveis de erosão e desgaste.