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Arquitetos: EMBAIXADA arquitectura
- Área: 450 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Simone Bossi
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Fabricantes: AutoDesk, CIFIAL, CIN, Dada kitchens, Dae, Diasen, Duravit, EMBARRO, GHOME, Mottura, Oli, Robbialac, Robert McNeel & Associates, Roca, Sosoares, Viabizzuno, VitrA
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto é a expansão de uma adega de produção de vinho, denominada Herdade da Cardeira. Localizada em Borba, a intervenção está enquadrada numa paisagem agrícola, com predominância na plantação de vinha e olival, notoriamente marcada pelo lastro da indústria de exploração de mármore, um negócio muito rentável na região até há alguns anos atrás e que, entretanto, entrou em declínio, deixando marcas profundas na leitura do território.
O desafio de operar num contexto rural, bastante intervencionado pelo homem, levou-nos a explorar princípios de ocupação e construção vernacular, ponto de partida para uma intervenção onde a inovação assentou na adequação do projeto ao local onde se inseriu e no uso de materiais construtivos que pudessem diminuir o seu impacte ambiental.
Em 2011, Erika e Thomas Meier, apresentaram-nos a propriedade que tinham acabado de adquirir, bem como as suas necessidades e abordagem para o novo âmbito de funcionamento da adega.
Programa:
1. uma casa, para estadias periódicas do casal e das filhas;
2. uma receção/escritório, para a administração da adega;
3. uma sala de provas e cozinha para receber os clientes.
Pré-existências:
1. A adega. Um edifício contemporâneo, construído recentemente pelo antigo proprietário, Arq.º Rogério Cavaca;
2. O monte. Casa existente com dimensões bastante pequenas que não servia o propósito do novo programa.
Estes dois edifícios coexistiam no topo de uma colina natural que foi deformada ao longo do tempo pela movimentação de terra das vinhas e das construções existentes.
O objetivo foi organizar o programa considerando todos os fluxos de trabalho relativos aos diferentes usos, integrando as novas construções tanto na paisagem como com a adega pré-existente contribuindo para uma imagem unificada.
Foram definidos e agrupados três tipos de utilizadores: 1. trabalhadores, 2. clientes e 3. proprietários. A estratégia passou por suavizar e moldar a topografia, acomodando as diferentes zonas programáticas em novas construções dispersas e implantadas a diferentes cotas ao longo da colina, de acordo com as privacidades de uso. A ideia de desenhar e adequar a gradação entre as várias zonas programáticas, dentro e entre cada edifício, entendendo o exterior como parte do interior, reforçou o sentido de união entre a paisagem e o conjunto edificado.
Os espaços sucedem-se entre interior e exterior incorporando gradações de privacidade para os diferentes usos, fazendo com que os limites entre si se desvaneçam, por intermédio de modelações topográficas confinantes às construções. A integração de pérgulas na continuidade dos envidraçados, apropriadas por trepadeiras, enfatiza o desvanecimento desses limites.
Associado aos edifícios, a par dos espaços exteriores, de estadia e circulação, foi desenhado um jardim que teve como maior objectivo integrar a intervenção na paisagem. As plantações são de origem autóctone, pretendendo-se na sua maioria que ao longo do tempo se estabeleçam ao ponto de quase não precisarem de rega. A sua aparência deverá acompanhar as estações do ano e acompanhar a evolução das plantações da vinha e olival, integrando a nova intervenção na paisagem.
Para além de ser um cenário, integrado na paisagem através do jardim que envolve as construções, o complexo é como uma velha aldeia onde a agricultura, o comércio e a habitação partilham espaço, estendendo cada edifício do interior para o exterior, ao longo das diferentes áreas com diferentes graus de privacidade, que no final definem toda a colina como uma entidade de imagem una.