-
Arquitetos: Memola Estúdio, Vitor Penha
- Área: 365 m²
- Ano: 2020
-
Fotografias:Fran Parente
-
Fabricantes: Artesanale, Casa Franceza, Cerâmica Gail, Coisas D Casa, Gradetec, Ignis Industrial, Laef, Lagonegro Marmoraria, Lustres ypiranga, Marcenaria Navarro, MecaLux, Multifer, Pavanny, Penha Vidros, Prototype, Rtb Glass, Santil, WT Inox
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto trata da transformação de uma antiga casa térrea em misto de bar e fábrica artesanal de cerveja. Os cenários fabril e rural, de consumo do produto em meio ao campo, são as referências conceituais do projeto, somadas à memória do uso prévio do imóvel como residência. Convivem, assim, materiais de naturezas distintas, como o aço inoxidável, a pedra e a madeira, sempre aparentes, bem como interagem espacialidades contrastantes: a doméstica, mais contida, com aquela mais expansiva, de integração dos ambientes.
Localizado no bairro dos Pinheiros, em São Paulo, o imóvel teve integralmente preservada a sua marquise de entrada, bem como manteve-se o corredor de acesso à edícula nos fundos do lote, transformado em misto de espaço de estar, de serviço e de passagem. Para se criar um plano contínuo de circulação, elevaram-se alguns trechos de pisos.
Internamente, porém, a antiga compartimentação da casa em pequenos cômodos foi substituída pela união dos espaços, com destaque para a zona central imóvel que passou a abrigar o coração do projeto: a grande sala de produção da cerveja e, em frente a ela, o bar. Para tanto, demoliu-se grande parte das paredes do miolo e do trecho frontal da casa, transformado em salão do bar, o que demandou a execução de reforço estrutural através da inserção de pilares e vigas metálicos.
A cobertura de vidro sobre parte da área de produção da cerveja deriva da existência prévia de um pátio aberto no centro da implantação, do qual a pérgola de concreto foi mantida sobre o balcão do bar. Uma ampla parede de vidro separa os dois ambientes, possibilitando, contudo, que os usuários vejam a todo momento as grandes máquinas de aço inoxidável, material de presença marcante nos interiores. Também na parede do corredor lateral foram abertas janelas altas para a visualização do maquinário.
O equilíbrio entre o novo e o antigo é uma das marcas do projeto, com as instalações aparentes a indicarem a transformação do uso e a não regularização de superfícies evidenciando as remoções estruturais e superficiais. Destaca-se, neste sentido, o protagonismo das paredes de tijolo a partir da remoção da sua massa de revestimento e da sobreposição a elas de grades metálicas constituídas por delgadas mas relativamente profundas hastes de uma malha retangular. Na junção entre as grades foram embutidas luminárias feitas com mangueiras de neon que, dispostas verticalmente e em ritmo regular, dão profundidade visual às paredes.
Bancadas e mesas ora com tampo de madeira, ora de granilite ou de cimento, e revestimentos cerâmicos retangulares são materiais recorrentes do projeto, que, no entanto, menciona os tradicionais pisos de caco cerâmico das residências através da paginação orgânica do piso de ardósia. Aplicado em grandes dimensões sobre o pavimento, o material foi igualmente utilizado no revestimento externo da fachada frontal, porém, em placas retangulares.
Na entrada, convivem a marquise de concreto com as portas camarão feitas com tábuas de madeira e com a porta de entrada conformada por vidro aramado. O mobiliário da área de espera e do pequeno salão do terraço teve desenho inspirado em bancos de praça, onde se senta coletivamente.