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Arquitetos: Orgânica Arquitectura
- Área: 6000 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Francisco Nogueira
Descrição enviada pela equipe de projeto. O atelier Orgânica, do arquiteto Paulo Serôdio Lopes, concluiu este ano o projeto de ampliação do Jardim de Infância do Parque das Nações, em Lisboa, que passou a ser a atual Escola Básica Integrada abrangendo os 2º e 3º ciclos. Sóbrio e contido no exterior, o edifício esconde no seu interior uma intensa deflagração de cores que desafia os sentidos.
A escola fica situado na zona sul do Parque das Nações, onde, desde 2010, estavam já instaladas as salas de aula do Jardim-Infantil e do 1.º Ciclo.
Há mais de 10 anos que a população reivindicava o alargamento da escola até ao 9º ano. Está é, portanto, uma obra muito ambicionada pela comunidade que chegou a fazer abaixo-assinados e várias manifestações a pedir a conclusão da construção da escola. A segunda fase do projeto, agora concretizada, pretendeu ampliar o edifício de modo a acomodar os níveis de ensino seguintes, acrescentando seis mil metros quadrados de área construída.
O novo edifício é um volume paralelepipédico com três pisos: o Piso Térreo, virado para o interior do recinto onde se encontram os gabinetes de trabalho dos docentes, serviços de apoio aos alunos e funções singulares da escola, como a biblioteca e a área informal e de lazer dos alunos ligadas à cafetaria e refeitório.
O Piso 0 alberga a entrada e átrio principal, os órgãos de gestão da escola, os gabinetes e as salas de trabalho para alunos, professores e associação de pais; as áreas informais e de lazer, os refeitórios incluindo o de pré-escolar, a cafetaria, a cozinha e espaços de apoio dedicadas ao pessoal não docente.
Nos pisos superiores, Pisos 1 e 2, distribuem-se um conjunto de espaços afetos às salas de aulas, salas de artes e laboratórios, pensadas para proporcionar boas condições de estudo, indo ao encontro da necessidade de facilitar a permanência de alunos e professores nos estabelecimentos de ensino, fora das horas das aulas programadas.
Um corpo interligado. A nova escola é, portanto, um corpo monolítico extenso composto por três pisos com uma galeria que liga diversos espaços térreos interiores e os recintos exteriores. Toda a escola obedece a uma lógica de organização dos espaços de aula, de pausa, de recreio e dos espaços de circulação, que estimula o cruzamento dos percursos de rotina e dos espaços de encontros informais dos alunos e dos professores. O objetivo foi pensar a escola como um lugar de múltiplas aprendizagens, partilhas e interações entre todos.
Composto por três partes, o edifício divide-se em:
- uma parte exterior de desenho sóbrio que o “agarra” à terra com as paredes de fiadas de tijolo à vista, onde se apoiam dois pisos rodeados por duas palas de betão à vista em frente das janelas, para sombreamento;
- uma coroa superior que “toca” o céu;
- um esquema de códigos visível no ritmo dos pórticos interiores de pilares e vigas e nas cores impressivas das superfícies dos espaços.
Porque se trata de uma escola urbana, o seu exterior transmite uma ideia de robustez, de peso da matéria, essencialmente monocromático, com geometrias, formas, relevos e as texturas do betão e das fiadas do tijolo que a luz e a sombra transformam ao longo do dia.
O poder da cor (e da sua total ausência). Em absoluto contraste com o invólucro do edifício, o interior imprime-se de cor que se expande pela escola através de uma palete cromática radical que serve ainda de informação de orientação e de organização do espaço. As cores, do preto absoluto aos amarelos puros, azuis fortes, vermelhos e verdes cobrem paredes, chão e tetos, introduzindo um elemento de novidade que, com a luz, convidam à experiência dos espaços.
Escadas, corredores, átrio, biblioteca, refeitório, sala de música e sala de artes são profusamente coloridos. A cor é aqui uma ferramenta de perceção individual dos espaços, que dá a descobrir aos alunos a sua influência na perceção da dimensão, do distanciamento e da relação entre superfícies. Essa interação com a cor é, simultaneamente, estética, psicológica, fisiológica, simbólica e reporta-se à nossa consciência, constituindo um processo pedagógico em si mesmo.
"As escolas começaram com um homem debaixo de uma árvore que não sabia que era professor, partilhando as suas ideias com outros homens, que não sabiam que eram alunos". (Louis Kahn)