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Arquitetos: Serrano + Baquero Arquitectos
- Ano: 2021
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Fotografias:Fernando Alda
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Fabricantes: Ballesteros S.L., López Soto S.L.
Descrição enviada pela equipe de projeto. As memórias de infância de Horacio e Vanesa estão ligadas à planície fértil de Granada, ao murmúrio dos canais de irrigação, a frieza na sombra das árvores, a materialidade e a luz dentro dos galpões de secagem ou a paisagem distante da Serra Nevada. Em 2017, após adquirir um terreno perto de Albolote, aos pés do Tajo Colorao e em frente a um olival, fomos encarregados de construir uma casa com o desejo de tentar ligar essa imagem agrícola que residia na memória dos clientes com suas necessidades familiares atuais. O terreno é de proporções estreitas, situação agravada pela existência de uma servidão de passagem para o uso do canal de irrigação em um dos lados. Esta rota é necessária para a manutenção diária do canal de irrigação que margeia um dos lados menores.
O equilíbrio entre os desejos e memórias de caráter agrícola dos clientes e suas necessidades foi materializado através dos elementos presentes no local e nas infra-estruturas agrícolas adjacentes. Uma plantação de álamos da as boas-vindas, e um elevado canal de irrigação corre da entrada da casa até a piscina. Uma grande área de jardim ensolarada é disposta ao lado de um pergolado para descanso. Entre estes elementos e em relação a eles está a casa, de construção simples mas cuidadosa, com concreto e tijolo cerâmico como principais materiais.
O projeto procurou responder à geometria do lote adotando uma configuração alongada, que faz referência aos antigos galpões de secagem de tabaco. Esta situação criou uma relação interessante e um intercâmbio entre as duas longas fachadas, devido à sua proximidade. Propusemos uma série de seções que responderam às diferentes condições de fronteira, dependendo de sua posição. Assim surgiram as paredes opacas de diferentes alturas, os telhados com diferentes inclinações, clarabóias, elementos vazados e janelas dependendo da oportunidade de vistas distantes, luz direta ou filtrada, presença de construções próximas, contato com a vala de irrigação ou a hora, e a necessidade de privacidade.
Era nossa intenção que em certos pontos da casa houvesse vistas que a cruzassem completamente, permitindo que a luz, o ar, o som da água e o olhar atravessassem o espaço. Vanessa, Horacio, Marco e Mauro poderiam atravessar o volume longitudinalmente, através das seções que se seguem uma após a outra e estabelecer relações espaciais que variam de acordo com as horas do dia e as estações do ano.
A casa Viva la Vega serve como um manifesto e elemento transmissor do amor que os clientes têm por este território agrícola a seus dois filhos, para que eles também possam desfrutar de uma atmosfera semelhante à de sua infância.