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Arquitetos: AR3 Gualguasplliteras, MDBA
- Área: 3150 m²
- Ano: 2020
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Fabricantes: Eléctrica Son Sardina, Fusteria Abrines, Guillem Capó Coll, Ladrilleria Mallorquinas
Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício é um grande volume que filtra a luz natural de diferentes formas para criar espaços interiores que se relacionam diretamente com os exteriores. Essa relação interior-exterior é a premissa fundamental do projeto.
A ideia principal é que todas as atividades realizadas no interior do edifício tenham uma ligação direta com o exterior. Por isso, é muito importante criar uma pele que envolva o edifício e permita esta ligação entre espaços e que também nos ajude criar delimitações que sejam claras e intricadas ao mesmo tempo.
O edifício se desenvolve longitudinalmente pelo maior lado do terreno, descolando-se do muro dos fundos do terreno. Possui três andares acima do nível da rua e um abaixo do solo.
Foi deixada uma passagem entre o volume principal do edifício e o muro do fundo do terreno para permitir que os acessos principais fossem ali situados: a rampa de veículos e as entradas para a circulação vertical. Em cada extremidade do edifício existem escadas e elevadores que dão acesso aos quatro pavimentos.
A planta do térreo, que se mostra robusto e estável, é ligada diretamente às ruas e à cidade em todas as fachadas. Criando, assim, espaços exteriores que funcionam como extensões privativas da rua.
Desta forma, os usuários desfrutam de diferentes relações com os espaços criados. Desde o mais privado, como os apartamentos no segundo andar, até ao mais público, como no pavimento térreo. Em todos os casos sempre está presente o conceito de conectar intensamente a comunidade a esses espaços.
Proprietária do edifício, a Fundació Amadip Esment pretende destinar todos os espaços aos seus usuários, pessoas com deficiência intelectual, mas sem deixar de inseri-los na comunidade, uma vez que os seus serviços incluem formação, produção e a inserção dos usuários no mercado de trabalho.
O programa de necessidades foi dividido por andares.
No térreo existe uma cozinha industrial e uma oficina que permite atividades em grupos. Anexo à cozinha existe um bar-restaurante e um espaço aberto que pode funcionar como sala de aula. Grandes janelas quadradas servem de filtro para a rua e permitem que elas sejam utilizadas como assentos tanto para quem está no interior como no exterior do edifício, trazendo o conceito de semiexterior para este espaço.
No primeiro andar há quatro grandes salas de aula e um escritório. O acesso a essas áreas é feito por uma varanda coberta localizada na parte de trás do edifício. As grandes janelas das salas de aula evitam o sol através dos seu posicionamento e da proteção de fachada por elementos vazados.
No segundo andar situam-se 11 apartamentos mínimos, uma sala de estágio e uma de apoio aos usuários mais independentes. Estes apartamentos são feitos para promover a autonomia de pessoas com deficiência e estão dispostos em um sistema de corredores, acessados a partir de uma área coberta na fachada do edifício e protegidos do sol por uma trama de madeira. Este corredor é a rua privada em que os habitantes interagem e que também funciona como um terraço. O subsolo é destinado ao estacionamento, vestiários e estoque de arrecadações.
Para realçar a solidez do piso térreo, a fachada revela o concreto armado com que se sustenta. A leveza dos restantes pavimentos materializa-se nas lajes visíveis e na permeabilidade das tramas de madeira nas fachadas.
A estrutura de concreto armado é visível em todo o edifício, tanto nos pisos quanto nos pilares e paredes. Os acabamentos tentaram deixar o produto o menos elaborado possível. Tijolos, produzidos na ilha de Maiorca, foram utilizados em paredes exteriores e junto com a treliça da fachada. Os tipos de madeira utilizadas nas janelas do piso térreo e nas portas do edifício reduzem drasticamente a manutenção necessária.
O edifício conta com instalação de painéis fotovoltaicos para autoconsumo e um sistema de recuperação de calor das máquinas frigoríficas para aquecimento da água. Além disso, os espaços climatizados foram reduzidos. Dessa forma, a pegada de carbono final é menor que o usual.