-
Arquitetos: Câmara Municipal de Santo Tirso
- Área: 1692 m²
- Ano: 2021
-
Fotografias:GCARQ
À semelhança das intervenções anteriores, e na sua sequência, conservou-se o carácter e a linguagem de edifício existente, por ser parte integrante de um complexo industrial de época, patenteando ainda um forte teor simbólico, vivo na cidade, mas que se estende à região.
O edifício possui três núcleos funcionais, distintos, mas complementares: um, o maior, destinado à área expositiva, outro destinado às áreas de reserva, instalado na cave do edifício, e um terceiro para a instalação dos espaços documentais e interpretativos, onde decorrerão atividades de natureza formativa e comunicação, adequadas à realização de pequenas conferências, workshops e outra programação similar.
Pressuposto cedo assumido, foi o respeito pela coerência arquitetónica e urbanística do complexo fabril, não obstante se estar perante um programa e intenção que teria de dar, e deu, primazia à mostra e interpretação da obra de um dos mais importantes escultores portugueses.
Isto explica a razão pela qual, interiormente, as fachadas estão ocultas, pertencendo agora a um percurso técnico contínuo, emprestando ao espaço a conformação neutra acima referida, apropriada ao programa museológico. Em todo o caso, as aberturas existentes mantêm-se, lançando luz, de modo indireto, para as salas de exposições.
A volumetria existente foi rigorosamente mantida, mesmo tendo sido necessária a reinterpretação de alguns dos recursos compositivos nela presentes, bem como acoplar um volume que se destina à entrada principal.
Laivos da história do edifício e da Fábrica assomam, aqui e ali, mas não mais do que simbolicamente: no grande balcão de atendimento, peça executada com fardos de tecido mesclado, ou na aplicação de texturas dissonantes em mobiliário e equipamento desenhado para conter infraestruturas. Dando seguimento a uma solução já aplicada nas anteriores intervenções realizadas nas naves da Fábrica, também aqui se optou por instalar “contentores” espaciais, como se de pequenos edifícios se tratasse, com a sua sintaxe autónoma, para as acomodar de modo oculto, merecendo especial referência o pátio exterior, situado bem no centro do edifício, onde estão a operar os necessários equipamentos de climatização.
A antiguidade e o estado de parcial ruína do edifício impuseram a sua integral infraestruturação, com novas redes e sistemas, de modo a corresponder às normas vigentes e refletir os atuais princípios de eficiência energética e sustentabilidade ambiental.