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Arquitetos: Marsino Arquitectura
- Área: 6230 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Nico Saieh, María Inés Buzzoni, Jorge Marsino
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Fabricantes: Arauco, AutoDesk, Budnik, Lirquen, MK, Romeral
Descrição enviada pela equipe de projeto. Transformação é a ação de mudar o aspecto ou a forma de uma coisa ou pessoa.
Em nossa prática, o planejamento e execução de ações para mudar a aparência ou a forma de uma "coisa" existente não terminam com a modificação do próprio objeto. A natureza projetiva e sistêmica de nossas ações sobre o objeto existente o transcende, superando-o, acabando por transformar o ambiente da "coisa" e da "pessoa" que o habitava.
Assim, a coisa projetada e as ações que planejamos para moldá-la não são o fim último de nosso trabalho arquitetônico, como é ensinado e valorizado, mas sim os meios para transformar as pessoas e seu ambiente. Valorizamos uma prática que enfatiza o sujeito, mais do que o objeto da arquitetura.
Influenciada pelas exigências sociais de educação pública e de qualidade (2014), a encomenda do concurso de anteprojeto era desenhar a renovação total de uma escola integral (6.500m2), localizada no centro de uma comunidade urbana com altos índices de vulnerabilidade sócio-econômica. Essa transformação deveria ser capaz de reverter a deterioração institucional que se refletia a cada ano nas estatísticas ministeriais de aumento das taxas de evasão escolar, matrículas disponíveis e queda do desempenho acadêmico.
Diferentes instâncias de diálogo com membros da comunidade escolar revelaram que o CEEB, mais do que uma infra-estrutura educacional, também deveria ser um Centro Comunitário com uma identidade cultural e capital social que deveriam ser preservadas e aprimoradas, o que nos levou a redesenhar um projeto que facilitaria sua construção e funcionamento simultâneos em três etapas sucessivas ao longo de dois anos.
Imaginado por seus usuários como um refúgio para proteção contra a violência urbana, doméstica, etária e de gênero, o projeto deveria ser fisicamente seguro, mas visualmente permeável. Deveria se tornar um marco urbano, um símbolo público de educação, saúde, alimentação, esporte, socialização e civilidade para a população. De integração com seu ambiente urbano, pelos átrios em suas esquinas, de continuidade espacial e funcional em relação ao campo esportivo comunitário adjacente para facilitar o intercâmbio de atividades complementares. Segurança e confiança do lado de dentro, sem pontos cegos que impeçam o controle visual dos outros. De caminhos que permitem aos alunos ver e ser vistos sem risco quando a diferença de idade entre os alunos o justifica. De cores e materiais que fazem parte de seu ambiente urbano. Que no final, não faça necessária a demolição de tudo para fazer a nova escola, mantendo algum pavilhão antigo do que foi a primeira escola.
E assim foi feito, deixamos de lado o anteprojeto premiado e começamos novamente, desenhando a partir da comunidade um novo projeto que hoje começa a cobrir as matrículas faltantes e a melhorar o desempenho escolar como resultado de uma intervenção sistêmica que abordou três aspectos básicos: o projeto educacional, a gestão de professores e a infra-estrutura.