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Arquitetos: FB estudio
- Área: 230 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Nicolás Provoste
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Fabricantes: Aserrio San José, Ladrillos Malacatos
Descrição enviada pela equipe de projeto. O que é o Vernacular? É o conhecimento transmitido ao longo do tempo e traduzido em espaço, no caso da construção, aproveitando os materiais disponíveis no local e adaptando-os à arquitetura que responde às necessidades dos usuários.
A Casa Cóndor responde ao programa arquitetônico de receber, alojar, cozinhar e estar. Fica localizada em um dos vales de Loja, Equador (Malacatos) com clima quente e períodos de chuvas intensas, implantada em um terreno familiar de 0,2 hectares, onde havia uma moradia precária de tijolo, madeira, telha e placas de barro no piso, que decidimos "reciclar", desmontando placa por placa e telha por telha. O ambiente rural é marcado por casas de taipa, bahareque, adobe e o tijolo que é feito na aldeia de Malacatos; a mão-de-obra local ainda tinha o conhecimento para construir nestes sistemas, então optamos por uma estrutura de taipa e madeira, alvenaria de adobe, bahareque, bambu, tijolo (em áreas úmidas) e telhado de telha, onde usaríamos o material reciclado. Varandas e terraços predominam na Casa Cóndor, já que estar ao ar livre e desfrutar das vistas eram requisitos fundamentais do programa proposto pela família.
No térreo, as paredes em forma de "C" (sistema de contrafortes) distribuem a área social: sala (pé direito duplo) e cozinha, e a área íntima de 2 quartos, que por sua vez podem se transformar em um único (abrindo suas portas de correr); todos estes acessos de e para uma varanda que circunda a casa. Para sua distribuição, 2 árvores que já estavam crescendo no terreno foram levadas em consideração. No pavimento superior há uma suíte, uma lavanderia e um terraço de onde se pode apreciar o ambiente e ampliar a sala de estar. Sua alvenaria é feita de barro e manta, cana e bambu encontrados na região e colhidos por um dos mestres construtores especificamente para a obra.
O telhado de telhas recicladas no térreo é sustentado por uma estrutura de madeira composta principalmente por 2 grandes treliças engastadas nas paredes e pilares, protegendo as portas e formando um pé direito duplo na sala de estar e no quarto principal; enquanto no pavimento superior suas 2 águas invertidas protegem a suíte por sua forma (funil), recolhendo a água da chuva que alimenta um lago onde os animais domésticos bebem (galinhas, patos, cães, gatos, etc.).
O caráter particular da suíte e sua cobertura (em forma de asas) também proporciona o espaço (entre suas peças de madeira) que gera janelas superiores (a 30º) que olham para o céu, uma característica particular que dá ao projeto seu nome. Existem 3 banheiros (1 já foi construído e foi adaptado ao novo projeto), nos quais foi utilizado tijolo, para não correr riscos com a umidade, e suas instalações estão conectadas a um biodigestor que processa suas águas residuais e posteriormente rega as plantações. Foram utilizadas placas de barro cozido no piso, feitas sob medida para o projeto na região; também foram utilizadas na laje como base para a camada de concreto armado, de modo que fica visível no mezanino a partir do térreo.
A carpintaria de madeira: portas e móveis embutidos também foram projetados pelo escritório; no entanto, algumas portas de banheiro foram recicladas de doadores externos. Posteriormente, os proprietários construíram a área de churrasqueira anexa à fachada posterior da Casa Condor.
Um projeto que nos animou e nos deu a garantia de que o conhecimento vernacular da terra é e continua sendo eficaz e poderoso, o desafio é continuar transmitindo-o, melhorando-o e aplicando-o para demonstrar sua perpetuidade.