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Arquitetos: graal architecture
- Área: 2300 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Clement Guillaume
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado no centro do parque da prefeitura de Cergy, a revitalização do refeitório universitário confere um novo brilho a esta instalação central da vida estudantil e de apoio do campus. Edificado em 1993, o edifício tem o privilégio de estar situado no Parque François Mitterrand graças à sua localização topográfica e sua abertura a este grande espaço público. A instalação está, portanto, idealmente integrada aos passeios, no cruzamento das duas principais vias que conectam o setor da Universidade Paris-Sena e a prefeitura de Val d'Oise.
Discretamente inserida na topografia, a construção existente enfrenta um paradoxo: enquanto se beneficia de uma posição privilegiada, o refeitório sofre, por um lado, da falta de visibilidade e, por outro, de espaços internos que são pouco realçados devido à falta de integração com o exterior. Com base nestas observações, o projeto de revitalização do refeitório foi uma oportunidade para reapropriar as qualidades paisagísticas do local, de modo a afirmá-lo como um forte componente do parque, bem ancorado no seu contexto e usos.
O edifício original também apresenta qualidades arquitetônicas genuínas: um envelope de concreto pré-fabricado desativado, um sistema construtivo flexível e uma riqueza de recursos para o usuário (circulações, escadas, aberturas, etc.). Através destas intenções e do desejo de destacar as qualidades intrínsecas do edifício original, o projeto desenvolve um duplo componente programático: a renovação profunda dos 2.000 m² do refeitório e a adição de uma extensão, denominada quiosque, enriquecendo o espaço inicial do refeitório.
O programa distribui-se pelos dois pavimentos originais, acessíveis pelo mesmo nível graças a topografia do terreno. Formando uma base mineral semi-subterrânea, o nível do jardim inclui o refeitório, que se abre amplamente para a face norte do parque e abriga a cozinha em sua parte posterior. As intervenções na estrutura existente consistem em reforçar a relação entre o interior e o exterior, para trazer mais luz e vistas aos espaços de refeições, potencializando o uso. Para isso, as aberturas da fachada foram ampliadas com a remoção dos arcos, o terreno inclinado foi remodelado após a remoção do muro de arrimo e a nova fachada envidraçada tornou-se uma oportunidade para criar aberturas mais visíveis do parque.
O interior é dividido em três faixas programáticas (áreas de relaxamento, refeitório e cozinha) permitindo a criação de um limiar dinâmico entre interior e exterior, através da nova transparência da fachada. Dada a profundidade do refeitório e ao baixo pé direito, os materiais utilizados foram ditados pela necessidade de tornar o espaço tão generoso quanto possível. O piso de resina cinza-claro, os azulejos brancos brilhantes com juntas verdes, os elementos metálicos expandidos e os defletores acústicos feitos de azulejos minerais parcialmente substituídos, garantem a flexibilidade e a legibilidade do espaço de refeições exigida por seu programa. Uma abóbada, também de metal expandido, realça a escadaria dupla original enquanto, proporciona um espaço de refeições mais íntimo. Estas sequências permitem aos usuários identificar as diferentes formas de utilização do espaço. Um bistrô e uma área administrativa completam este vasto espaço, agora iluminado, enquanto toda a área da cozinha foi reformada.
As intervenções no edifício original são baseadas em suas qualidades intrínsecas, e é na continuidade da estrutura inicial que se posiciona a ampliação na base do restaurante no pavimento superior. Em resposta ao volume envidraçado existente que constitui este térreo, o quiosque é projetado como um pavilhão que se abre amplamente sobre o parque e seus espaços arborizados. Sua flexibilidade e posicionamento permitem canalizar fluxos, articular as entradas existentes e oferecer novas possibilidades de apropriação do grande terraço.
O espaço fast-food é modesto em área e consiste em painéis de madeira maciça de várias camadas que podem ser habilmente posicionados sobre a frágil estrutura existente. Os quatro pórticos de madeira se estendem até o parque para prolongar o telhado feito de chapas de aço inoxidável corrugadas suportadas por uma estrutura de aço galvanizado. Na escala urbana próxima e distante, o telhado torna a instalação visível da Avenue du Parc e do Parque François Mitterrand, que então se destaca como um marco.
Na lateral existente, o quiosque possui uma faixa técnica opaca coberta por um revestimento refletivo de chapa ondulada idêntica à cobertura, interagindo com a entrada. Do lado do parque, a área do refeitório abre-se inteiramente para a paisagem através de um envelope transparente e rítmico feito com uma pele de vidro ondulada verde. Esses elementos, alinhados com a estrutura original, estão posicionados na continuidade da nova fachada envidraçada, como uma malha única e assertiva. Concebido como um pavilhão leve sobre uma base mineral topográfica, o quiosque torna-se um elemento unificador entre as diferentes partes do refeitório, permitindo-lhe afirmar a sua presença enquanto assegura a coerência arquitetônica do conjunto.
Através de um desenho sóbrio e econômico, o projeto demonstra como a obra no edifício existente acompanha o reposicionamento de um programa ordinário, permitindo-lhe, através da arquitetura, reinterpretar os seus usos e seu funcionamento.