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Arquitetos: CRUX arquitectos
- Área: 135 m²
- Ano: 2021
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Fabricantes: Madentia SL, Obralma SL
Descrição enviada pela equipe de projeto. A ilusão materializada através do espelho nos permite realizar ações espaciais que à primeira vista não seriam possíveis, ampliar ou reduzir espaços, criar ou desapropriar usos, ou até mesmo elevar volumes construídos, provocando a surpresa no espectador dentro de um espaço aparentemente estático e definido.
I. Objetivo. A casa a ser reformada está localizada em Calicanto, Valência, um empreendimento de casas ajardinadas conectadas à paisagem da serra. O terreno tem uma inclinação suficiente para permitir que a construção existente se desenvolva em dois pavimentos, um com acesso direto à rua, e o segundo, a ser reformado no pavimento inferior, com três faces livres em relação ao parque e à piscina. Os volumes pré-existentes foram organizados conforme o uso, o nível principal de acesso, e o pavimento inferior de serviço e garagem, semi enterrado. A família queria recuperar o nível inferior, um espaço esquecido da casa e, com ele, todos os momentos compartilhados com a família (cozinhar, brincar, fazer exercícios, ler, descansar, etc.) para poderem desfrutar sozinho ou com os amigos.
II. O desafio. A planta em questão, de proporção quadrada, tem como elementos fixos e determinantes: uma parede perimetral, duas colunas estruturais no centro do espaço e uma escada que garante a conexão interna com a moradia. Internamente, uma divisória transversal dividiu o espaço em duas zonas, uma delas condicionada pela iluminação e ventilação, e a outra com duas aberturas voltadas para o noroeste, com face para o parque através de um espaço semi-coberto. Por fim, um acesso lateral através de uma rampa veicular garante o uso independente a este pavimento. Partiu-se da necessidade de configurar espaços abertos e livres com possíveis áreas de uso independente, e assim poder desenvolver diferentes atividades em um espaço com limites definidos.
III. A ilusão. Ser capaz de integrar o exterior com o interior, duplicar o espaço sensorialmente, trazendo luz para o interior, de forma a abrigar usos que exigem privacidade em um espaço único. Para transformar este pavimento de armazenamento em uma nova configuração para a casa, era necessário um projeto que produzisse transformação, integração, vínculos, demolições, duplicações, tornando possíveis as ilusões desejadas.
IV. Truque. A estratégia foi baseada em três operações. Primeiramente, a arquitetura foi entendida como volumes equipados, centralizados no espaço, tornando possível gerar zonas diferentes dentro de um único espaço contido. A concentração dos serviços em dois módulos atende os demais espaços simultaneamente, de um lado a cozinha em direção à sala de jantar, do outro lado o banheiro, o chuveiro e o lavatório, que podem funcionar independentemente ou juntos, e finalmente a área de serviço seguida de um espaço para secagem. Em segundo lugar, a posição central dos módulos e sua condição paralela garante a livre circulação entre eles sem a sobreposição de atividades. A escada existente é materializada como o terceiro módulo e passa a fazer parte do novo sistema. Quatro portas articuladas estão encarregadas de integrar o espaço e construir diferentes cenários para os diversos usos. Cada módulo é vinculado ao seguinte através da abertura desses planos que permitem que as circulações internas entre os volumes sejam contidas e transformadas em pequenas salas. Finalmente, o jogo da ilusão é formalizado pela incorporação de reflexões como uma definição material do espaço. A presença de espelhos nos rodapés e nas faixas superiores garante a leveza das portas instaladas, transformando-as em volumes levitantes no espaço. As portas em sua posição duplicam a entrada de luz da sala, retomando o que está pela frente. O fechamento total das portas torna as áreas independentes, garantindo a simultaneidade de usos e oferecendo-nos, através da reflexão, a ilusão de observar a casa através do espelho de forma idêntica, mas invertida.