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Arquitetos: KOMPAS
- Área: 585 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Vincent Hecht, Munemasa-Takahashi
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Fabricantes: Studio Akane Moriyama
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto está localizado ao longo da Avenida Chiba-Kaido, na parte histórica de Nishifunabashi, Chiba (Japão), perto do Santuário Sengen, na colina com uma exuberante floresta de pinheiros. O cliente, colecionador de arte que gerencia um negócio imobiliário, planejou construir um novo edifício na propriedade de seus pais para acomodar a residência de sua família, além das galerias e escritórios de sua empresa. Além da casa de seus pais na extremidade norte da propriedade, as outras construções ao longo da estrada não foram planejadas, como um antigo armazém e estacionamentos inseridos na vegetação exuberante. Assim, nossa primeira abordagem foi organizar o local para que a vida das duas famílias e os espaços de trabalho coexistissem confortavelmente, organizando a circulação do local e configurando um talude, que equilibra as diferenças de nível entre os dois edifícios.
O novo edifício possui vagas garagens no meio do pavimento térreo e a residência na face norte voltada para o jardim. As galerias e escritórios são consolidados verticalmente no lado sul em direção à estrada, como a fachada principal do edifício. Interpretando as visões do cliente para este lugar, como o compromisso cultural com o bairro, a atração de visitantes externos e a utilização de potenciais suburbanos, incorporamos publicidade e versatilidade ao novo edifício com uma arquitetura atraente, como um "museu com uma casa" ao invés de uma "casa com galerias".
Seguindo a memória do antigo prédio do armazém que existia desde a geração de seus avós no local, as kawara, as tradicionais telhas projetadas sob medida, foram usadas para o revestimento das fachadas. O Kuroibushi kawara, um material enegrecido resistente aos danos causados pelo sal, configura uma aparência sólida para proteger as coleções e a vida dos moradores. A telha personalizada kawara é projetada para obter dois tipos de fachadas com uma forma, telhas e persianas, alterando sua orientação e fixação. Os brises kawara abrem parcialmente a fachada de telha sólida para incorporar a luz do dia filtrada e as vistas com controle de privacidade da estrada.
No topo do volume kawara, os telhados em shed voltados para o norte, em direção às florestas de pinheiros do santuário, levam abundantes luzes diurnas do norte para as galerias no edifício. O volume escalonado do edifício pela construção em madeira é elevado acima da massa de concreto aparente que se assemelha a uma base de um castelo. A torção das duas malhas estruturais, estrutura de madeira orientada para o norte verdadeiro sobre a estrutura de concreto seguindo a geometria do local, cria vários interstícios, tais como beirais e terraços distribuídos ao longo do edifício, para caracterizar as experiências espaciais.
Enquanto o lado sul da construção com três pavimentos de galerias/escritórios se destaca no tecido urbano, o volume do edifício desce em direção ao norte seguindo o código de construção e as transições para a escala residencial em direção ao jardim. A inclinação do telhado de sheds varia de acordo com a altura e usos internos para incorporar luzes diurnas apropriadas. Seu enquadramento estrutural ao redor das janelas do norte configura vigas vierendeel para permitir grandes espaços longos como a construção em madeira.
Os três telhados íngremes do sul funcionam como claraboias que iluminam as galerias do terceiro pavimento. Os três telhados do norte desempenham o papel de janelas proporcionando vistas para o céu e o jardim, além de uma iluminação estável para o atelier de artistas. O telhado central externo cobre o terraço multiúso no segundo pavimento, que funciona como um espaço de exposição/evento para as galerias ou um parque infantil, como um atalho para os espaços de trabalho da sala de estar, bem como um limiar para manter uma distância confortável entre o público e o privado.
À medida que o sistema estrutural e a condição de luz do dia dialogam, os elementos espaciais transitam verticalmente dos espaços ásperos e fechados como uma caverna no térreo para os espaços claros abertos ao céu sob o telhado. Considerando a ampla gama da coleção do cliente, de arte contemporânea à antiguidade, e as possíveis operações no futuro, vários interstícios foram planejados para usos flexíveis e potenciais salas de exposição, além das galerias principais. Estendendo o passeio aos amplos terraços ao ar livre e à paisagem externa, os visitantes poderão passear e experimentar sequências espaciais dinâmicas com diversos materiais e iluminação.
Este novo complexo com a fachada kawara e os telhados em shed inicia uma nova era neste local histórico, como um campo generoso para misturar confortavelmente obras de arte, moradores e visitantes. Para nossa alegria, além da ideia original de construir apenas uma coleção privativa, o cliente acabou lançando um novo negócio de arte para receber mais visitantes e exposições públicas. Esperamos que a arquitetura seja a base confiável para arte e cultura atraentes, além de apoiar uma vida diária alegre e abundante como viver em um museu.