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Arquitetos: Alberto Martinez, Guido Villalba, Yago García, tda
- Área: 250 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Leonardo Méndez
Um criador é um homem que encontra aspectos desconhecidos em algo perfeitamente conhecido. Mas acima de tudo, é um exagerado. Ernest Sabato.
No âmbito do Concurso Nacional de Anteprojetos convocado pela Faculdade de Arquitetura, Design e Artes da Universidade Nacional de Assunção, no Paraguai, para um bloco de banheiros, nos empenhamos em ser exagerados.
CONCEITO. A abstração serve como um gatilho. Imaginamos três rochas estrategicamente posicionadas para definir um novo espaço. Um interstício entre a massa construída do auditório adjacente e a paisagem arbórea que o circunda. Estas rochas estão diretamente relacionadas com a escolha do material da proposta, taipa. Uma base, três pedras e um leve plano de cobertura.
ESTRUTURA. O desafio de conceber honestamente uma rocha artificial requer uma busca geométrica exaustiva, portanto, um processo claro, preciso e, acima de tudo, inteligente. No Paraguai, a falta de industrialização faz com que o trabalho artesanal se torne um caminho relevante e não um limite. Como construir um volume de dupla curvatura com taipa? Como transgredir a gravidade com uma tecnologia desenvolvida historicamente para trabalhar verticalmente e em compressão?
Pensar em elementos construtivos fora de seu contexto particular aumenta a imaginação. Os esquimós com água constroem iglus, nós com a terra repensamos o espaço a partir do coração da América. Inicialmente propusemos um sistema de pré-fabricação de 5 módulos com uma geometria particular e na sua combinação conseguimos construir uma multiplicidade de definições formais e espaciais.
MATÉRIA. Base de contenção de pedra bruta, paredes portantes de terra vermelha com tecnologia de taipa e laje de concreto aparente. Honestidade brutal assumida desde a premissa de manutenção zero.
No interior, a luz vem de cima, algumas perfurações na laje garantem uma área escura e agradável, naturalmente ventilada. As portas, em madeira processada com a técnica de carbonização japonesa de mais de trezentos anos chamada Shou Sugi Ban, permitem acessibilidade e ventilação. Como um todo, um exemplo de relevância, otimização de recursos, inteligência coletiva, abstração e atemporalidade. Uma delicada demonstração de exagero.