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Arquitetos: António Cruz Lopes
- Área: 250 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:José Campos
Descrição enviada pela equipe de projeto. No Porto, cidade construída junto ao rio em lotes estreitos e altos, aglomeradas uns nos outros e onde viveram mais do que uma família por habitação, surge este projecto, de inspiração brutalista e de aspecto cru, reaproveitando a lógica da habitação portuense e da paisagem envolvente.
Trata-se da recuperação de uma habitação típica da Cidade e que tal como as outras, caracteriza-se por ser alta, estreita, bi-familiar, presa às encostas inclinadas da Cidade. Uma habitação de 4 pisos, que possui duas entradas independentes: uma à cota baixa que serve um apartamento de dois pisos, com dois quartos, sala e kitchnette e outra à cota superior com programa e distribuição idêntica. O interior da casa vive em torno de um núcleo vertical composto pelas escadas de betão aparente, sendo este o espaço onde também se localizam as infraestruturas principais dos apartamentos, nomeadamente, a água, luz e ventilação.
Os pisos superiores de cada apartamento são normalmente ocupados pelas zonas de noite com os quartos e as instalações sanitárias e os pisos inferiores pelas zonas de dia como a sala e a kitchenette.
A premissa fundamental deste projecto está igualmente ancorada na utilização do betão aparente, inspirado na aparência crua da muralha da cidade que se encontra a 20 m da casa, tornado este, igualmente o aspecto chave da obra e identificando de forma clara o elemento de estrutural e a sua tectónica, sem que com isso se condicionasse o espaço interior.
Em paralelo com os tectos de betão e alguns dos pavimentos e paredes - também em betão aparente - adicionaram-se soalhos e portas e em madeira no seu aspecto natural, no sentido de se humanizar mais o espaço e torná-lo mais acolhedor. Ao mesmo tempo, tirou-se partido da paisagem abrindo toda a casa e todos os seus vãos de forma directa e franca para o exterior aproveitando a luz natural e as vistas da casa, uma que se vira para a muralha e outra que se vira para o Rio Douro.
Por fim, de salientar que esta intervenção mesmo com todo o seu aspecto brutalista, não pretendeu impor-se ao lugar, mas pelo contrário aceitar a sua envolvente crua e adaptar-se a ela, à naturalidade das suas diferentes texturas, cores e geografia.