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Arquitetos: Coletivo LEVANTE
- Área: 66 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Leonardo Finotti
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Fabricantes: Cerâmica Braúnas, JL Serralheria e Metalúrgica, Ocri Oficina, Trimble Navigation
Descrição enviada pela equipe de projeto. O gestor do centro cultural Lá da Favelinha – Kdu dos Anjos – prefere chamar a Casa no Pomar do Cafezal, carinhosamente, de “meu barraco”. A casa foi implantada em um terreno anguloso, de aproximadamente 70m², onde foi possível encaixar dois módulos estruturais de 3×3m, em dois níveis, ladeados por um “puxadinho” encostado na divisa. À distância, não se percebe qualquer contraste em meio ao amálgama de construções de tijolos cerâmicos aparentes do Aglomerado da Serra.
O clássico bloco de 8 furos, inclusive, é o que determina a materialidade da casa, só que assentado na horizontal e revelando sua face frisada. Algo muito pouco comum no morro, uma vez que assentar o bloco em pé é mais rápido, e faz com que o material renda mais. Neste caso, a ideia foi garantir melhor inércia térmica para a casa, já que com assentamento na horizontal, a largura da parede será correspondente à maior dimensão do bloco. Além disso, exploramos as formas de uso deste elemento modular, que em algumas situações aparece como cobogó, ou combinado com blocos de concreto, por uma necessidade estrutural. Mantivemos, então, o repertório construtivo tão próprio dos mutirões, quanto à estrutura e aos fechamentos de tijolos aparentes, e nos preocupamos em observar com cuidado questões referentes ao fluxo das águas de chuva e sua absorção no terreno; em minimizar a intervenção no solo; oferecer ventilação e iluminação naturais de forma generosa, além do controle de temperatura com elementos leves como as peças roliças de eucalipto e a vegetação. E, claro, aproveitar ao máximo a vista, que é extraordinária e que não se vê igual lá do asfalto.
A Casa no Pomar do Cafezal foi a segunda obra realizada pelo coletivo LEVANTE, união de arquitetos, estudantes e engenheiros, liderados por Fernando Maculan e Joana Magalhães para elaborar projetos, trazer fornecedores e apoiadores para a arquitetura na periferia. O projeto da casa representa um “modelo” construtivo que utiliza materiais próprios da periferia, com uma implantação adequada e atenção à iluminação e ventilação, resultando em um espaço com grande qualidade ambiental.