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Arquitetos: XRANGE Architects
- Área: 490 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Lorenzo Pierucci, Kuo-Min Lee, Studio Millspace
Descrição enviada pela equipe de projeto. No topo de uma montanha à beira-mar entre a grama alta e florestas de acácia, paredes curvas e acidentadas ofuscam os limites entre a arquitetura e a paisagem para definir espaços públicos e privativos de uma pousada com oito quartos. O retiro, chamado Wandering Walls, é um edifício onde as paredes "vagueiam" como fitas fluidas. A localização remota é suscetível a ventos fortes de inverno, sal marinho na atmosfera, além não possuir uma estrada de acesso antes da construção. A falta de mão de obra qualificada para construção e o orçamento apertado do projeto levaram à decisão de usar concreto moldado no local logo na fase de conceito por sua resistência climática, facilidade de transporte e armazenamento no local.
Inspirado na beleza bruta do ambiente natural, o conceito do projeto procurou criar uma sensação de quietude e permanência com um único elemento arquitetônico e uma paleta mínima de materiais; definindo toda a arquitetura com apenas paredes curvas que são tanto a estrutura como a forma, dentro e fora, exterior e interior. O edifício contorna a borda de uma cultura nativa de acácias para curvar-se suavemente em direção ao oceano. Além de fornecer abrigo contra o vento, a floresta de acácia se torna uma experiência no acesso. O edifício não tem janelas no lado das correntes de vento, mas se abre com janelas de piso a teto em direção à extensão dos prados do topo das colinas e espetaculares pores-do-sol sobre o oceano.
O sistema estrutural da laje plana e das paredes permite que as paredes de apoio de concreto sejam desalinhadas verticalmente. As paredes entram e saem dos três pavimentos independentemente, ditadas pela disposição das salas, vistas e inserção de barreiras de vento. Nas escadas, as paredes curvas pairam umas sobre as outras para revelar o horizonte na junção do céu, da floresta e do oceano. As paredes flutuam 4,5 m do segundo e terceiro pavimento para configurar um volume vertical suspenso, uma espécie de câmara de eco onde o som das acácias soprando pelos fortes ventos do oceano é amplificado. No térreo, as paredes balançam da laje do piso para formar pátios.
Foram utilizadas fôrmas locais feitas de madeira reciclada ou bruta de baixa qualidade, painéis de 30 cm de largura para curvas maiores, 20 cm para curvas mais fechadas e bastões de 4 cm para curvas fechadas. O sistema de cofragem altamente tolerante permite desalinhamentos e erros cometidos pelos trabalhadores locais, o que criou a assinatura de curvas "lo-res" ao longo de todo o processo. Ao longo de todo o seu comprimento, a materialidade das paredes curvas passa do concreto áspero para madeira, metal e telhas. Onde as paredes pairam acima do solo para criar pátios, as manchas de terra vermelha se tornam parte da experiência tátil da paisagem. No lado do barlavento, as texturas ásperas dos muros também suavizaram gradualmente devido ao seu constante descascamento pelos ventos sazonais.
Na cobertura há uma piscina de borda infinita de 360 graus com vistas panorâmicas do oceano e das montanhas ao redor. Abastecido com água fresca filtrada de uma lagoa ecológica no terreno sem o uso de cloro e outros produtos químicos, os pássaros podem ser vistos brincando na piscina. A conservação das acácias e das pastagens do entorno são aspectos primordiais no projeto paisagístico.