-
Arquitetos: Rare Studio Experimental
- Área: 4 m²
- Ano: 2021
-
Fotografias:Ema Blom
-
Fabricantes: 3DI, Crislu, Fixed, La Puntual Marmolería, Piazza x Espacio concretto
Uma prótese. O Caffe del Popolo é uma daquelas experiências que surgem nesses espaços que muitas vezes são entendidos como inutilizáveis ou obsoletos na cidade. O trabalho foi realizado em um vazio triangular entre dois blocos de apartamentos no bairro de Nueva Córdoba, Argentina. A percepção da compressão sofrida pelo seu contexto desencadeou a exploração inicial para o desenho deste recinto que, desde o início, foi concebido como um dispositivo capaz de se encaixar naquele lugar, como uma "prótese urbana". Ele propõe uma forma de entrar em um ambiente urbano denso e atuar nele e dele em direção à cidade.
A fluidez. A inserção em um espaço tão pequeno e cercado por grandes edifícios, imprimiu a ideia de compressão em nossos materiais e nas diferentes explorações realizadas. Talvez seja também a percepção líquida, dinâmica e fluida daquele canto e dos tempos atuais que ordenou a ação formal resultante da proposta. A fluidez em termos de uso também determinou ações de projeto que procuraram gerar um espaço o mais aberto possível para a rua em seu nível zero.
A exploração de materiais. Foi criada uma base metálica, com janelas em guilhotina, capaz de criar uma abertura máxima para a rua sem descurar os requisitos funcionais. No interior, por meio da fabricação digital, conseguiu-se aplicar um revestimento de madeira posteriormente laqueado, inspirado tanto na cor como na composição formal da planta do café. Para os níveis superiores, foi utilizada uma estrutura metálica existente, da qual foram retirados cinco painéis de fibra de vidro. Estes painéis são os que protegem dois níveis do interior: um com o banheiro e outro com o depósito.
De rua. Usar a rua é uma premissa fundamental, e não só porque há um espaço interior reduzido, mas também porque se pretendia dar a esse espaço de trânsito uma pausa, um espaço de contemplação, um uso possível, aproveitando o que a paisagem cordobesa oferece nessa área, como o edifício residencial do arquiteto Ignacio Togo Diaz, o Paseo Cultural del Buen Pastor, a Igreja dos Capuchinhos e o Edifício Baoro do arquiteto Osvaldo Ponz. Foi criada uma superfície de apoio interior/exterior na fachada do café, uma plataforma onde se situam duas banquetas metálicas móveis, e foi desenvolvido um mobiliário urbano fixo (banco rarx) em concreto e metal, localizado no meio-fio do passeio. Os bancos Rarx terminam sintetizando simbolicamente a ideia geradora do projeto, pois contemplam também reflexões materiais, formais e de uso em relação ao espaço público.