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Arquitetos: Måns Tham Arkitektkontor
- Área: 150 m²
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Fotografias:Staffan Andersson
Descrição enviada pela equipe de projeto. A residência foi construída com oito contêineres de 20′ e 40′ reutilizados, em um terreno íngreme ao lado de um lago, nos arredores de Estocolmo. Havia uma proibição de dinamite no local e não havia espaço para uma laje, apenas um cânion íngreme onde a água da chuva flui em direção ao lago. Desta forma, a casa foi apoiada sobre pilares para pousar no terreno. As paredes estruturais dos contêineres permitiram que o nível superior fosse maior que a projeção do nível de entrada. O edifício se ajusta ao cânion natural em forma de V. Os clientes, um motorista de caminhão e uma terapeuta com três filhos, construíram a casa praticamente sozinhos, com grande ajuda do sogro, um soldador hábil que gerenciava uma oficina mecânica. O interior é uma composição de raras descobertas e componentes de construção reutilizados.
Um contêiner não é um bom ponto de partida para uma casa devido a sua largura limitada de 2,40 m. Além disso, com a retirada de qualquer parte das paredes corrugadas entre dois contêineres para configurar um ambiente mais amplo, a resistência estrutural é perdida. Portanto, tivemos que nos esforçar para decidir quais paredes cortar e quais salvar para podermos usar os contêineres com a menor estrutura adicional possível.
O cliente trabalha para uma empresa de demolição e é um mecânico ávido e apaixonado por carros americanos antigos e personalizados. A reutilização e a personalização tornaram-se o modelo ideal para construir a casa, muito em linha com a cultura do carro personalizado. Recuperados em locais de demolição nos arredores de Estocolmo, componentes como pranchas de madeira, placas metálicas, escadas em madeira e aço, e partes de cozinhas antigas foram reutilizadas e instaladas após rápidas modificações.
Cada detalhe arquitetônico foi extraído diretamente da matéria-prima encontrada. Confiança e diálogo ao invés de soluções padrão caracterizaram o processo de construção que incluiu muitas discussões no local entre o arquiteto, o cliente/construtor e o engenheiro estrutural. Croquis rápidos complementaram o processo.
Mas a proposta e a planta original, nunca foram alteradas. No projeto, os desenhos, o fluxo da planta, a capacidade de caminhar sempre em direção à luz e de ter vistas e diagonais surpreendentes foi sempre muito importante, independentemente de ser uma casa de contêineres ou uma casa de estrutura de madeira.
A casa é modesta para uma família com três filhos, portanto cada metro quadrado teve que ser cuidadosamente planejado. O nível de acesso tem um hall, um quarto de hóspedes, área de serviço e um banheiro principal. O pavimento superior abriga uma sala de jantar e um terraço com vista aberta e os quartos nos fundos têm visão para a floresta.
O contêiner superior tem duas funções, um mezanino de observação onde as crianças podem encontrar a solidão, mas ainda ficarem próximas, e também um feixe de luz que traz o sol do meio-dia para a sala de estar voltada para o norte. Embora o local esteja voltado para a face norte, a sala de estar e jantar é banhada pelo sol e o terraço na cobertura tem uma ótima localização para o sol da tarde.
O pavimento superior é conectado à floresta de pinheiros atrás da casa por uma ponte aérea de aço com oito metros de vão livre. O mundo retilíneo dos contêineres empilhados encontra a forma natural da encosta. A casa está apoiada sobre colunas de aço em bases de concreto, eliminando o problema das grandes quantidades de água da chuva que flui pela encosta íngreme, visíveis durante as fortes chuvas pelo banheiro inferior. O banheiro possui uma grande janela com vista da rocha do cânion na parte posterior da casa, e uma pequena janela aberta à esquerda permite ouvir os pássaros do lado de fora ao tomar banho.
Os montantes subdivididos de cada janela, com os complementos externos necessários para legalizar os contêineres (como grades, chaminés e tubulações) foram todos pensados para dar à casa uma lógica e proporções próprias. Uma composição que se dissolve e vai além da simetria absoluta dos contêineres.
Em um momento os contêineres empilhados, com tudo o que foi acrescentado e modificado, deixam de ser meros contêineres e passam a ser um edifício montado e fixado a uma paisagem. Este momento me interessa e me guiou através de muitos desafios do projeto.