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Arquitetos: ARKHITEKTON, Héctor Navarro
- Área: 143 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Imágen Subliminal
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Fabricantes: Cortizo, LA ESCANDELLA, Lopezpanel, REHAU, Vaillant
Descrição enviada pela equipe de projeto. A paisagem rural da Cantábria apresenta situações muito desiguais. Nas últimas décadas, algumas áreas foram afetadas negativamente devido ao rápido crescimento, enquanto outras conseguiram preservar sua identidade urbana composta pela arquitetura vernacular do local, construída principalmente em pedra, madeira e telhados inclinados de cerâmica vermelha.
O projeto é baseado em pesquisas anteriores sobre a tipologia tradicional da casa plana (llana em espanhol), um exercício visando explorar soluções contemporâneas que valorizam o vernáculo. Esta tipologia é identificada nas habitações que consistem em um único andar construído entre duas empenas de pedra e um telhado de duas águas. Espacialmente, o beiral é o recurso mais característico da casa plana. É um espaço coberto localizado na orientação mais ensolarada destinado ao desenvolvimento de todas aquelas atividades que se realizam no exterior, tanto agrícolas como pecuárias.
O projeto parte do esquema desta tipologia. Projeta-se uma casa de duas águas com um marcado carácter longitudinal. A norte e a sul, duas empenas em alvenaria enquadram a construção, reservando as fachadas voltadas ao leste e oeste para soluções em vidro e madeira. Ambas as empenas têm orifícios nos lados norte e sul.
A zona noturna localiza-se no lado oeste e, em paralelo, as zonas comuns organizam-se em uma marquise híbrida que foi alterada mediante um envidraçamento parcial. O alpendre está localizado na fachada sul, enquanto a fachada norte é utilizada como área de entrada. Entre uma e outra, a sala de estar, a sala de jantar e a cozinha são organizadas. Este espaço e a entrada são articulados por meio de uma cabana de madeira fechada que abriga uma sala de equipamentos. Para entender as áreas comuns como parte da marquise é necessário projetar um espaço contínuo definido por uma fachada de vidro, com molduras e juntas ocultas que coincidem com a estrutura de pilares de madeira na fachada que pretende desaparecer. Entre o alpendre e a sala de estar, um volume preto abriga a lareira, permitindo a todo momento organizar os móveis voltados para o exterior e aproveitar as vistas do entorno espetacular. A cozinha em ilha e a sala de jantar formam um conjunto que, juntamente com os espelhos na parede do fundo, reintroduzem a paisagem envolvente no interior.
Paralelamente a esta área, estão dispostos três quartos e dois banheiros. O acesso é feito pelas áreas comuns, evitando corredores e articulando as diferentes áreas dentro desse espaço contínuo. No eixo longitudinal da casa projeta-se um mezanino cujo uso muda dependendo do cômodo que está atendendo.
A nível construtivo recupera-se um sistema tradicional que consiste na montagem de caixilharia de madeira leve com isolamento integrado. A cobertura é executada por meio de um sistema de painéis autoportantes com isolamento de poliuretano sobre o qual é instalada uma cobertura ventilada de telha plana sobre ripas. O estudo da orientação, a natureza compacta da construção, o elevado nível de isolamento térmico e a instalação de equipamentos aerotérmicos conseguem gerar uma casa com consumo quase nulo que pretende, acima de tudo, ser uma proposta sustentável na qual são mesclados o sistema construtivo tradicional e o contemporâneo.