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Arquitetos: Gui Mattos
- Área: 980 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Carolina Lacaz
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Fabricantes: GRAPHISOFT, MGK, MPM Ar condicionado, N.didini, Pedras Bellas Artes, Soal Esquadrias, Topseal
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizada em Monte Mor, a casa de campo JSS com cerca de 980m2 distribuídos em seus dois pavimentos e anexos, é um agradável refúgio familiar. Nascida de restrições e desafios do condomínio, a arquitetura busca solucionar questões tais como a cobertura, que deveria seguir padrões pré-estabelecidos, e a preservação da intimidade, dada a impossibilidade de construir muros. Essas premissas, unidas à atenção à uma melhor insolação e distribuição da casa no lote generoso, tornam-se combustíveis para transformar uma fachada aparentemente comum em um projeto recheado de surpresas.
Apesar da linguagem tradicional de quem vê a residência externamente e a possível analogia a uma casa bandeirista, ao entrar, o morador se depara com a arquitetura contemporânea que, sutilmente, impõe sua presença através das novas proporções e ressignificações de espaços. Os materiais, apesar de serem fiéis a uma lógica também tradicional: embasamentos em pedra, beirais longos e presença assídua da madeira, trazendo sensação de aconchego, são igualmente respostas à elevada temperatura da região.
Analisando internamente, as extensas paredes brancas no setor íntimo da casa, sem adornos nem objetos de decoração, assumem ritmo próprio à medida que avançam formando os volumes das suítes e recuando para as varandas. Em sua face externa, o processo se repete, porém com o acréscimo de painéis em muxarabi e seteras, que servem como um véu de proteção à visão externa e permitem uma entrada da luz desenhada, como só um muxarabi pode oferecer.
Diferentemente desta linha, mas não muito distante, está o pátio resultante da abertura onde seria a cumeeira do telhado, com sua delimitação promovida pelo anel azul central que dá face ao jardim. Forma e uso são ressaltados pela presença de painéis em cobre oxidado. De cor análoga à vegetação que está disposta em frente, os planos se contrapõem à paisagem. Os corredores, ora abertos, ora fechados pelas portas pivotantes azuis e vidros de correr, permitem uma longa e interessante perspectiva do percurso.
Ainda sobre esse espaço, é importante dizer que neste ponto também essa casa rompe com o conceito de casa bandeirista, a qual tem como características principais as poucas aberturas, ambientes escuros e área social ao centro da planta. Aqui, constrói-se um ambiente arejado e iluminado. O pátio, ponto de encontro e comum a todos é o respiro da casa, do visual e da convivência, garantindo uma boa ventilação cruzada, emoldurando a paisagem e servindo de conexão para um novo plano de experiência, recolhida e reservada: a sauna e a academia.
Por fim, pode-se observar os anexos da garagem e gourmet, os quais seguem as mesmas soluções materiais e reforçam a linguagem horizontal da casa. Ambos aproveitam o espaço para alongar e estender a experiência para novos visuais possíveis dentro do terreno.