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Arquitetos: danielmsantos, eng + arq
- Área: 1320 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Ivo Tavares Studio
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Fabricantes: ABB, ASM, Berker, Finfloor, Jaga, Legrand, Medo, Oli, Otis, Rodi, Saint-Gobain, Sanindusa, Sosoares, Techlam, Technal, Velux
Descrição enviada pela equipe de projeto. Com uma estreita ligação ao rio Mondego, o edifício reabilitado pelo gabinete de arquitetura e engenharia danielmsantos, evoca memórias da belle époque na elegante Figueira da Foz e dá-lhe um novo âmago, mais ousado e irreverente. Dois séculos depois da sua construção, chega um novo desafio a este edifício ribeirinho que já foi casa senhorial e acolheu os serviços municipalizados. Pedro Daniel Santos, o arquiteto do projeto da reabilitação, abraçou a aventura de preservar o carácter, a beleza, a história e a marca do edifício, adaptando-o, modernizando-o, empoderando-o para viver novas estórias. Uma nova História.
Esta reinterpretação recorre a uma linguagem arrojada que confronta o existente sem, com isso, se lhe sobrepor. Surge, assim, um novo edifício que preserva o passado e assume o futuro, introduzindo uma nova realidade e filosofia de utilização, reagindo aos novos paradigmas sociais e urbanos. O cobre é o elo de ligação entre o existente e o novo, envolvendo todo o edifício, ora lhe acrescentando laivos de contemporaneidade, com formas arrojadas e angulares, ora incorporando a sua essência, assumindo-se como um todo, que prolonga, embrulha e cobre.
Em balanço sobre o pátio, a "bolha", como carinhosamente é apelidada a mais visível intervenção, agora criada não só dá uma nova (e irreverente) frente ao prédio, destacando-se e evidenciando- se como ponto focal da rua, como é o elemento de boas-vindas do edifício, assumindo as funções de receção e main office. O paradigma de utilização do espaço foi racionalizado e maximizado, tendo conquistado uma maior acessibilidade, sendo operacional para as pessoas com mobilidade reduzida, com o acesso direto ao edifício a acontecer agora através do pátio nascente, por elevador ou escadas. Para além de acolher um espaço para estacionamento de viaturas, com posto de carregamento elétrico, e uma zona técnica/casa das máquinas, o pátio é agora a entrada principal do edifício, promovendo o seu usufruto.
A nova relação do edifício com o logradouro saiu amplamente beneficiada: deixou de existir uma fachada que mais não era do que uma empena descaracterizada para se criar mais um elemento de destaque, um novo coração, que dá uma nova vida ao edifício que o suporta. Para uma utilização adequada do piso 2, concretizou-se uma ligeira subida da cobertura nas zonas periféricas (a cumeeira manteve a mesma cota), pelo que, para além de se racionalizar o usufruto do espaço existente com a utilização do desvão da cobertura entre as gateiras, promoveu-se a interligação entre o antigo e o novo ao conferir um ar contemporâneo ao edificado sem com isso interferir na paisagem urbana.
Ao nível interior, a intervenção adaptou o edifício ao novo conceito de utilização. Apesar de profunda, com reorganização das áreas interiores e criação de novas valências, a reabilitação procurou ser minimalista, numa subtil fusão entre o contemporâneo, a usabilidade e a preservação do caráter intemporal do edifício. Os aspetos e técnicas construtivas originais, ora exuberantes ora artesanais, ganham, agora, um novo palco com a conservação de recuperação dos impressionantes tetos de gesso que adornam todo o piso 1, das pinturas com efeito marmoreado nos corredores ou do tabique, agora feature wall numa das instalações sanitárias.
A palete de tons interiores foi intencionalmente escolhida para simultaneamente criar um ambiente propício ao trabalho e destacar a coleção eclética de arte e mobiliário que pontua os diversos espaços do edifício. O edifício, que já tinha uma relação próxima com a luz, ganha agora toda uma nova luminosidade, conseguida não apenas por subtis rasgos, mas também com os imponentes vãos da nova intervenção e pela escolha de materiais e cores.