-
Arquitetos: Aalva arquitetos
- Área: 148 m²
- Ano: 2019
-
Fotografias:Marcos dos Reis
-
Fabricantes: Arauco, Brilia, DayBrasil, Deca, Docol, Elgin, Industria Moderna, JBL, Quaker Decor, Rubber Plastic, Suvinil
Descrição enviada pela equipe de projeto. O imóvel sintetizava aquilo que encontramos em nossa cidade todo dia: camadas, materiais diversos, supressões e adições, peças de instalações desativadas, marcas do uso e do tempo, além de um amplo vazio. Tudo aquilo que, na concepção geral da rotina profissional, costuma-se admitir como ruim, evitável, de alterável no projeto. Tudo isso presente nas seis faces do volume paralelepipedal de seu interior.
Como resultante, temos elementos construtivos que permeiam entre o popular e o erudito, entre preexistência e concepção, neutralidade e protagonismo, embasamento e suspensão. Ao invés de intervir, a proposta de organização - no sentido de muito aceitar e pouco se impor em relação ao pré-existente no prédio - desses planos visuais ortogonais resultou naquilo que seria o partido do projeto: a ausência.
Uma caixa com um vazio ubíquo era como se conforma o espaço. sendo que o programa destinado para esse espaço é o atendimento ao público, posicionou-se, de maneira isolada e central, uma estação de trabalho - ilha - para a finalização dos pratos. Tem-se, portanto, a flexão mínima de elementos. As texturas e rasgos, como composição visível da paisagem, foram equilibradas pelo controle cromático, pela pontualidade de mobiliários e pela leveza/suspensão das estruturas.
Em outras palavras, o agenciamento - visual e físico - dessa ausência massiva é o que nos faz pensar que este é um projeto de arquitetura do invisível. Um paralelo entre o "on-off" do Archigram, abstrato e concreto, a binária combinação polar em que um reforça ao outro. Assim, conceitualmente, o projeto se coloca entre as mais diversas dialéticas – tensões – como a não separação de banheiro para clientes, o qual é apenas um, ‘agênero’.
Uma atuação que se discute com os materiais do cotidiano do ofício, que toca o popular da construção, que se desenvolve à partir da cerâmica e do metal - não seriam essas as materialidades da imagem ordinária de uma churrasqueira? - em uma poética tese e antítese entre os equipamentos industriais e tecnológicos de serviço e o manuseio pessoal nas operações de preparo, além de pouco se clamar por um espetáculo das formas. Ou, como diria Peter Cook, talvez 'fizemos aparentemente o nada’.