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Arquitetos: Contaminar Arquitectos
- Área: 612 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
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Fabricantes: Gamiclima, Jofeper, RHEINZINK, Sosoares
Descrição enviada pela equipe de projeto. Entro no carro, rodo a chaves, oiço a ruidosa sinfonia vinda do motor e lanço-me pela estrada para chegar à minha casa na localidade de Amieira, junto à Marinha-Grande, terra do vidro e da indústria dos moldes em Portugal.
Já ao chegar à morada desejada, depois de passar pelas pequenas indústrias familiares e entre o pinhal de Leiria e a pequena localidade Amieira, com algum casario isolado e desordenado, vejo entre o verde da vegetação, no fundo do terreno, a CASA, que tem uma imagem industrial, que remete para algumas referências de pavilhões industriais da Marinha-Grande, mas ao mesmo tempo transmite o conforto, a escala e a imagem de uma habitação contemporânea. Uma grande e volumosa pala metálica, negra e dinâmica, desenha os contornos da casa e assenta sobre uma caixa de vidro que a torna levitante.
O percurso ziguezagueado do portão da entrada até casa é um passeio pelo meu jardim, uma alameda com dois percursos, um automóvel e outro pedonal que ramifica com outros caminhos pelo jardim.
À medida que me aproximo, descubro a piscina exterior que faz um espelho de água e uma imagem cenográfica na frente da casa. Também deslumbro um pequeno volume escondido pelo jardim, a garagem, mas continuo o meu caminho sobre rodas acompanhado pelo jardim que me encaminha até ao edifício principal.
Ao chegar ao fim do percurso, sou recebido por um grande alpendre onde estaciono o carro, e no centro da minha pala fica um pátio de boas-vindas que é o centro da habitação, que perfura o grande quadrado negro que cobre a casa, organiza a forma de “U” da habitação e separa o volume da zona social da zona íntima. As paredes exteriores em betão contrastam com a transparência do vidro e protege as zonas mais privadas.
A luz do pátio encaminha-me para a porta de entrada em madeira. Ao entrar sinto que não há barreiras entre o exterior e o interior, o verde envolvente e o jardim do pátio invade o interior do lar. O aspeto industrial desaparece e sinto o conforto da minha casa.
No hall deixo o casaco e a chave do carro, no móvel central, que separa a sala do acesso ao escritório e de uma pequena instalação sanitária de apoio à zona social. No lado oposto, situa-se a cozinha que prolonga o meu olhar sobre o jardim.
Sigo o corredor que une a ala social á ala privada e contorna o pátio central, mantendo o contacto visual com o meu carro que repousa debaixo da pala e passo pela lavandaria sem me a perceber.
Quando entro no corredor da ala privada, onde ficam situados os quartos, sou todos dias surpreendido pela luz do fundo corredor, vinda do pequeno pátio que me leva para o meu quarto, assim como, quando entro em todos os quartos, a luz e o verde do jardim voltam a destruir barreiras entre o exterior e o interior e deixa o grande tapete verde invadir os quartos.
Ao entrar no meu quarto, dirijo-me para o closet e casa de banho para me por o mais confortável possível e mais logo, quando repousar a minha cabeça sobre a almofada, vou sentir que no fim desta viagem, a vida é como uma estrada e o meu corpo é o automóvel que a percorre, a minha casa é a estação de serviço que me abastece e fornece a energia necessária para os km seguintes.