Descrição enviada pela equipe de projeto. O Centro Educacional Walirumana está localizado a 20 quilômetros ao norte de Uribia, implantado à beira da estrada que leva a Puerto Colombia, no departamento de La Guajira. As condições socioambientais em que vivem muitas dessas comunidades Wayuu são complexas. O deserto que se estende por toda a região até o território venezuelano é um determinante que tem impedido o desenvolvimento dessa cultura indígena. A dificuldade em gerar uma economia de produção e consumo, a falta de infraestrutura para conectar essas comunidades e prestar serviços básicos, somados a outros fatores, têm gerado condições de vida muito difíceis.
A flexibilidade do espaço é pensada para que o centro possa funcionar em horários diferenciados com um público variado. As portas giratórias nas extremidades e no centro do volume permitem que o espaço interior seja adaptado a um uso particular. Em primeiro lugar, mantendo todos os módulos fechados, são geradas uma sala para 50 alunos e uma sala auxiliar com capacidade para 12 que também funciona como biblioteca. Por outro lado, quando os módulos centrais se abrem completamente, este espaço principal está ligado à cozinha e ao bebedouro. Nessas duas circunstâncias, as janelas coloridas saem das paredes de bambu e tornam-se escrivaninhas para os alunos ou mesas do refeitório. Por fim, quando o módulo da cozinha é fechado, cria-se um espaço aberto e sombreado onde os artesãos podem praticar o seu ofício.
Muitos dos elementos presentes na memória coletiva Wayuu se materializam na edificação. Assim como na arquitetura local, a escola utiliza a terra como componente principal, mas materializada de outra forma, com blocos de terra compactada. Isso permite a criação de tramados nas paredes para ventilar o espaço interior e desenhar um padrão típico Wayuu. O telhado dobrado remete às montanhas que se erguem no meio do deserto e são de grande importância não só por serem referências no meio da paisagem, mas também por sua conotação na cosmologia Wayuu. Por fim, a textura gerada pelo bambu (guadua) nas paredes do salão principal é uma reinterpretação do padrão visível nas construções locais quando a passagem do tempo revela o esqueleto interno do bahareque (construção em terra e bambu).