Descrição enviada pela equipe de projeto. Inserido na zona histórica de Miragaia, o projeto compreende a reabilitação de um imóvel devoluto construído em várias fases desde o final do século XIX, transformando-o num edifício residencial que mantém as características arquitetónicas originais adaptadas a uma realidade habitacional contemporânea. O edifício está associado à matriz ancestral e cultural hebraica no Porto, associada à fixação da Judiaria de Monchique, com uma sinagoga e um cemitério contíguo para judeus, que deu origem à toponímia da rua que o circunda - a Rua Monte dos Judeus.
A topografia e morfologia irregular com pendentes acentuadas geram um povoamento escalonado onde se distinguem claramente os diversos tempos, herdados e adicionados, aqui compilados na fachada de dois volumes. Interpretam-se e traduzem-se valores tipológicos e tectónicos tradicionais, preservando linguagens formais e materiais. O projeto concilia as cotas e os vãos das diversas frentes urbanas.
Uma vez que o edificado apresentava originalmente uma construção de madeira que encimava a estrutura em alvenaria de pedra, é acrescentado um volume leve de alumínio análogo ao preexistente, com um desenho agora distinto que responde não só à função destinada, mas também à uniformização do conjunto urbano modernizando-o com temas tradicionais de construção, em que se destaca e se assume um carácter distinto.
As paredes estruturais existentes em pedra são reabilitadas, mantendo assim a configuração do lote original dos prédios, com as caixilharias em madeira e vidro duplo. As portas de acesso às diferentes habitações são também em madeira. A composição e organização do espaço surge naturalmente como uma evolução e criação do tempo. Os habitares são abertos à multifuncionalidade e versatilidade. As circulações e distribuições rentabilizam as parcelas exíguas, usufruindo de excelente ventilação, iluminação e exposição ao Rio Douro.
Os acessos verticais, que fazem atualmente a distribuição de parte da construção existente, são caracterizados por uma escadaria pública que circunda todo o edifício e faz o acesso a vários pontos do mesmo. As varandas têm um carácter de exceção como é comum nesta zona da cidade.
“o edifício ganhou um volume novo em parte dos três últimos pisos. O acréscimo foi possível frente às restrições do patrimônio histórico, pois a construção contava com uma adição que lhe garantiu a volumetria. Contrastando com a alvenaria do embasamento, o fechamento novo é de estrutura de madeira e ardósia, e possui planos envidraçados para desfrutar da paisagem urbana.” - Fernando Serapião, Fundador da revista Monolito, ‘X!? 10 Anos OODA’