-
Arquitetos: Abalo Alonso Arquitectos
- Área: 1450 m²
- Ano: 2020
-
Fotografias:Santos-Díez (Bisimages)
-
Fabricantes: Arturo Alvarez, BANDALUX, Carpintek, Gerflor, MADERGIA, Maderas del Noroeste, Matrics
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Universidade de Vigo, cujo campus principal está localizado a 10 km do centro da cidade, propõe a reabilitação de três edifícios no centro histórico de forma a aproximar a sua atividade do resto da sociedade.
Um volume de madeira é sustentado pelas arcadas de pedra, os únicos vestígios (parte das fachadas e paredes internas) das construções anteriores. Uma caixa dentro da outra; madeira e pedra. Neste caso, a caixa de madeira é inteiramente de madeira, estrutura e construção incluídas, mas com sistemas industrializados contemporâneos, que otimizam o uso do material e sua resposta temporal. Inspiramo-nos na construção naval, mas incorporamos os mais recentes avanços disponíveis, conforme o propósito do edifício que pretendemos desenvolver.
A escolha do material e do seu sistema construtivo permite-nos integrar a edificação na tradição local sem abrir mão de uma certa dose de contemporaneidade. Na elevação oeste foram restauradas as arcadas de pedra e partes da fachada do mesmo material que ainda se conservam. Os arcos servem de suporte para a nova construção, cuja fundação é complementada com microestacas na área central, laje em parte do perímetro e rocha diretamente na parte posterior. Antes dos sucessivos aterros portuários, estávamos aqui à beira-mar, razão pela qual o terreno é geologicamente complexo.
Utilizamos nas fachadas três critérios de intervenção baseados nas construções originais. A que está localizada mais ao norte é reconfigurada, reaproveitando as próprias pedras para adaptar um mezanino particularmente baixo. A central é reforçada e complementada com uma nova cornija de pedra semelhante à existente. E na terceira, os azulejos são restaurados com delicadeza.
A altura permitida pela regulamentação completa-se com uma treliça de madeira laminada que integra a estrutura, conferindo proteção solar e uma imagem marcante como um único elemento, com a verticalidade sugerida pela regulamentação e a apresentação de um edifício institucional como este em questão. A fachada leste, encaixada entre as pequenas praças, pátios e ruelas interiores, resolve-se de forma semelhante, porém, um pouco mais leve devido à redução do impacto solar.
Esgota-se a volumetria prevista no regulamento, rematando o conjunto com três coberturas longitudinais de quatro águas feitas em zinco, perfuradas na zona central com duas claraboias que inundam o interior com a luz do norte. A estrutura desses telhados é resolvida com ripas de madeira laminada de duas fileiras. Para evitar o aparecimento de tensores na zona central que, pela quantidade, dariam quase a impressão de um teto falso contínuo, as paredes divisórias de madeira laminada são reforçadas com contrafortes do mesmo material, colocados no exterior aproveitando o afilamento dos muros de pedra original de um lado e o pátio do outro.
Os pisos também são resolvidos com madeira laminada, piso técnico compacto e piso flutuante de PVC. Eles são complementados, em determinadas áreas, com forros acústicos semidiretos. As alturas originais que o volume preserva são mais típicas de uma habitação do que de um edifício comunitário, por isso, evitamos ao máximo o aparecimento de forros, deixando as instalações visíveis ou localizando-as nos vãos existentes entre as paredes divisórias.
Um percurso central aberto conecta as arcadas ao primeiro andar através de degraus de concreto para continuar com dois lances de escadas livres de madeira que combinam com as geometrias do terreno.
O programa funcional flexível com espaços de trabalho, reunião, exposição, informação ou ensino, é distribuído nos diferentes níveis. Do antigo lote, cuja a ocupação é preservada, o menor volume contém os espaços dos servidores: escada protegida, banheiros, dutos e instalações, mas também uma sala de reuniões fechada em cada um dos andares superiores. O restante está distribuído em outros dois volumes, com uma área institucional na fachada principal do primeiro andar e algumas salas de aula já configuradas no segundo.