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Arquitetos: Nuno Ferreira Capa | arquitectura e design
- Área: 100 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Attilio Fiumarella
Descrição enviada pela equipe de projeto. A intervenção arquitetónica na Igreja Ancestral de Fraião, em Braga, Portugal, é uma intervenção de análise e decisão. Uma análise sobre o estado de degradação das intervenções mais recentes, efetuadas no início do sec. XX, com revestimentos e ampliações efetuadas com argamassas de cimento pintadas, quer no exterior, quer no interior, impulsionou a uma decisão de descoberta da sua base com a remoção dos revestimentos deteriorados.
A escassa informação sobre a construção inicial impulsiona ainda mais a vontade de descobrir a sua essência e as intervenções que lhe sucederam. A planta apresenta-nos uma simples organização espacial em dois retângulos de dimensões ligeiramente diferentes - nave e capela-mor - com uma passagem entre eles que se veio a revelar de arcada com a remoção das argamassas.
Esta organização simples revela-se também na sua volumetria onde se sobrepõe a da nave à da capela-mor, embora esta última revelou um ligeiro aumento em alvenaria de tijolo. A torre sineira, à esquerda da entrada axial da nave, é uma construção de estrutura e revestimentos cimentícios, do início do Séc. XX, onde não se revelou qualquer pré-existência que lhe tenha antecedido.
A intervenção a propor teria, agora, de seguir um princípio de intervenção contemporâneo, que revelasse um pouco da sua dimensão temporal e enquadrasse não só as novas necessidades térmicas e de acessibilidades no exterior, as acústicas e de iluminação no interior, bem como as de recuperação do coro e dos retábulos da capela-mor e lateral a par da instalação de novos painéis cerâmicos e vitrais.
Subtraíram-se as camadas de rebocos e cimentos da fachada que se acumularam ao longo dos tempos, trazendo a pedra à superfície como um ato solene do “início” da obra. Ao mesmo tempo, este regresso ao ponto de partida, e que lhe restituiu a expressão original, abriu caminho para uma intervenção mais contemporânea nos elementos não passíveis de serem alterados, como é o caso da torre sineira.
Se por um lado se constitui o conceito de subtração nas fachadas, propõe-se agora para esta torre e para o volume do alçado a nascente/sul, a agregação de uma pele em aço patinável - aço corten – cujas propriedades trarão para esta construção a permissão que outras camadas, agora na forma de uma camada de ferrugem como proteção ao material, se apropriem novamente da construção, conferindo-lhe visualmente características de amadurecimento pelo tempo. A decisão para a Igreja de Santiago traça um percurso entre a subtração e a agregação de elementos diferenciados, cuja simbiose formal resulta na importância e ação dos materiais no tempo do edifício.