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Arquitetos: José Neves
- Área: 4100 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Paulo Catrica
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Carnaval festeja-se em Portugal desde o Século XIII e ocupa uma posição central no imaginário colectivo de Torres Vedras.
O projecto do Centro de Artes do Carnaval (CAC) materializa esta referência colectiva, transformando uma pedreira desactivada e um matadouro em ruínas e oferecendo ao mesmo tempo uma Praça pública a um bairro marginalizado.
O bairro, implantado sobre a Encosta de S. Vicente, tinha crescido em torno da pedreira e do matadouro, tornando-se, depois do seu fecho, um fragmento esquecido da cidade. Do matadouro restou sobretudo o seu valor iconográfico, reflectindo a memória e a identidade do lugar. Da pedreira, que tinha servido como pasto para o gado, ficou uma plataforma abraçada por uma escarpa, cuja dimensão, forma e materialidade confere um carácter onírico ao lugar.
O antigo matadouro foi reabilitado para ser a entrada principal do CAC, contendo as salas de exposição temporária, uma pequena biblioteca e a loja do museu, directamente relacionada com a rua. Sobre os vestígios de um pátio que serviu para ventilação e drenagem do sangue dos animais construiu-se a escada principal do edifício, circular, sendo o espaço que a envolve o primeiro passo do percurso expositivo. No piso superior, ao fundo da nave da exposição principal, uma grande janela enquadra a vista da cratera, do bairro e da Praça.
A Praça, cuja forma resulta da geometria sugerida pela cratera, é qualificada pela massa da escarpa, em continuidade com a superfície elíptica do novo corpo que contém as reservas visitáveis, e é animada pela presença da cafeteria e das oficinas do museu que se abrem para ela através de uma galeria exterior coberta.
Este espaço público, desenhado como lugar de parada e teatro urbano para a celebração do Carnaval, é simultaneamente palco para as práticas quotidianas dos cidadãos, esperando- se que tenha a capacidade de devolver o bairro ao espaço e ao tempo da cidade.