-
Arquitetos: East Architecture Studio
- Área: 2500 m²
- Ano: 2018
-
Fotografias:Aga Khan Trust for Culture / Cemal Emden
-
Fabricantes: Gazzaoui & Co., Onelight, Weber
Descrição enviada pela equipe de projeto. Trípoli é uma cidade litorânea localizada ao norte do Líbano, histórica e culturalmente associada ao seu pioneirismo na indústria madeireira. Desde 2010, o setor passa por uma deterioração drástica, alimentada pela agitação política aliada ao crescente surgimento de móveis importados de baixo custo.
Trípoli também abriga a Feira Internacional Rachid Karami, projetada por Oscar Niemeyer no início dos anos sessenta. A construção da Feira foi interrompida pela Guerra Civil Libanesa de 1975 e, infelizmente, nunca funcionou conforme previsto pelo projeto.
A casa de convidados reformada da Feira Internacional Rachid Karami, que agora serva como uma plataforma de design integrada, é uma estrutura de um andar, localizada no limite sudoeste da entrada principal da Feira. O piso térreo de 2.500 m² fica em cima de um subsolo.
De materialidade muito opaca, a Casa de Hóspedes surpreende com seu espaço interior inundado pela luz, um piso plano aberto perfurado por um pátio central. Seu telhado flutuante, aparentemente ornamental, se apoia em quatro colunas e torna o espaço "horizontal" abstrato. O concreto aparente domina o edifício de dentro para fora, no entanto, o uso deliberado de pedra em algumas paredes internas, uma prática incomum na obra de Niemeyer, introduz uma característica vernacular no interior.
Foi pedido que entrássemos na "intimidade" de um edifício essencialmente introvertido.
A nossa intervenção teve naturalmente em conta as características acima referidas, revelando deliberadamente e sobretudo potenciando o “DNA” que compõe a estrutura. O amplo plano aberto que gira em torno do pátio central foi preservado conceitualmente, mas programaticamente dividido em uma série de espaços para satisfazer as necessidades desejadas. Definidos por uma série de divisórias leves de aço e vidro que registram a grade estrutural rítmica do teto, os espaços se conectam entre si e com o pátio. Luz, sombra e transparência reverberam através de um ritmo lúdico de painéis fixos e operáveis, permitindo abertura ou segregação quando necessário.
A paleta de materiais e os tons de cores propostos permaneceram fiéis ao estado em que encontramos o edifício: cor cinza do concreto aparente, que remete ao recinto da Feira. A resiliência do concreto como material, mas também como cor, dá uma sensação de atemporalidade e austeridade à cidade incompleta onde o edifício reside. Abraçamos intencionalmente essa atemporalidade e o 'monocromatismo' foi parte integrante da intervenção do projeto: tetos, paredes, pisos, marcenaria e esquadrias de metal, todos predominantemente cinza, ajudam a revelar os interiores sem o peso original do edifício, tornando voláteis os limites entre o interior e o exterior do edifício.
Paradoxalmente, o programa do novo espaço é efêmero. Usado como plataforma de design e instalação de prototipagem pelos próximos três anos, a casas de hóspedes poderia um dia recuperar seu uso original. É esse paradoxo que tornou nossa intervenção reversível ao longo do tempo: as divisórias leves, luminárias e maquinários poderiam ser removidos, deixando lugar para outro programa assumir; por conta disso, a integridade da intenção do projeto original permaneceria intocada.