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Arquitetos: Merooficina
- Área: 1810 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Tiago Casanova
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto Casas do Capitão foi impulsionado pela vontade de regenerar um terreno localizado no centro histórico de Guimarães. Este pequeno lote, como a maioria dos vizinhos, foi definido por uma sucessão de construções que, ao longo dos anos, ocuparam todo o espaço disponível.
A intervenção visou adaptar este espaço urbano a novas formas de vida, liberando-o das construções mais precárias e valorizando os elementos existentes, como o grande edifício do século XIX. Este edifício principal foi o ponto de partida e a matriz para as duas novas construções que definiram o terreno: uma extensão no nível do solo e um novo edifício comercial no lado norte.
A ampliação veio como resposta a algumas das premissas iniciais do projeto: manter a lógica de acesso e distribuição dos apartamentos pré-existentes e aumentar a área dos que foram criados no térreo.
Neste sentido, a intenção era atualizar a organização tipológica do antigo edifício e adaptá-la à transformação que a Universidade do Minho vem promovendo nesta área da cidade, substituindo os espaços comerciais vazios no nível da rua por novas moradias, contando com sua proximidade como um eventual estímulo para o uso de meios de transporte leves.
Esta ampliação do antigo prédio permitiu a criação de um grande espaço verde coletivo ao ar livre, que mistura a nova construção com a encosta agrícola existente. Nesta nova ala do edifício, vários pátios fazem a conexão entre as duas construções e permitem que a luz e a ventilação entrem nos apartamentos.
Esta nova configuração não pretendia ter um impacto puramente visual ou estético na nova construção, mas também ambiental e hedonista. Ela tenta se relacionar com os terraços agrícolas que ainda existem neste centro da cidade e criar um lugar de calma, descanso e recreação.
A principal intenção do edifício comercial era completar a frente da rua em um diálogo estreito com seu bairro e, ao mesmo tempo, estender esta nova ocupação ao interior do quarteirão, aproximando todos os edifícios do longo muro de alvenaria de pedra na parte de trás.
Os materiais utilizados nas novas construções foram frequentemente recuperados e reutilizados do edifício existente, como as pedras recuperadas das demolições que foram reaproveitadas como calçadas e bancos ao ar livre. Entretanto, estes novos elementos assumem sua condição contemporânea e traduzem em arquitetura nossa abordagem a esta intervenção, um lugar onde tempos e heranças distintas coexistem em uma proximidade.
Os novos materiais foram escolhidos como um complemento às principais características do edifício existente. Os elementos de ferro, vidro e concreto se misturam com o interior do antigo edifício, onde a antiga carpintaria foi quase totalmente preservada e os pavimentos de gesso e madeira foram reconstruídos, destacando suas características tradicionais, adaptando-se ao padrão de vida atual.
Como mencionado, esta nova intervenção tentou definir uma nova estratégia para este terreno, e foi pensada como mais uma camada da história que foi acrescentada. Um processo que partiu de um profundo conhecimento do local e tentou manter o caráter das valiosas características existentes, enquanto projetava novos espaços de vida de uma forma útil, saudável e simples.