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Arquitetos: SEAlab
- Área: 750 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Dhrupad Shukla, Lakshay Bansal, Anand Sonecha, Aakash Dave, Bhagat Odedara, Aneesh Devi
Descrição enviada pela equipe de projeto. A escola para crianças cegas e deficientes visuais em Gandhinagar foi projetada para crianças de aldeias e cidades remotas de Gujarat, bem como para professores ansiosos para oferecer-lhes uma melhor educação e oportunidades na sociedade. Inicialmente, a escola ocupava um edifício existente, anteriormente uma escola primária. O primeiro pavimento era utilizado para salas de aula e atividades acadêmicas e o térreo para os dormitórios, proporcionando um espaço pequeno para os alunos (12 crianças divididas nos quartos) e sem capacidade para receber mais.
Projeto - O novo edifício acadêmico, a oeste do existente, tem dez salas de aula de cinco tipos diferentes dispostas em torno de um pátio central. O espaço possui uma área externa para as crianças brincarem, se apresentarem ou celebrarem festivais. Esta tipologia simples de edifício permite aos alunos criarem um mapa mental dos espaços. Os cantos são identificados com feixes de luz ou volumes articulados, e a circulação ao redor da praça central possui larguras e elementos diferentes em cada lado, permitindo que os alunos identifiquem sua localização. Cada sala de aula ao redor da praça central tem características diferentes para usos específicos - salas de música, espaços de reunião, oficinas, etc. Com base em suas funções, as salas de aula "especiais" têm diversos formatos, volumes e entradas de luz. As demais salas de aula são como varandas; cada uma se abre para um pátio privativo com diversas possibilidades de aprendizagem ao ar livre. A relação com os espaços externos permite uma melhor ventilação e uma qualidade de luz controlada.
O edifício foi projetado para ser executado em etapas conforme o financiamento disponível. As salas de aula são módulos menores conectados aos espaços principais - a praça e a circulação. A geometria destas salas de aula cria um jogo de luz e sombra e uma resposta eficiente ao clima quente. Mais de 1000 arbustos, plantas e árvores de 37 espécies foram plantadas no campus para fornecer sombra e frutas, convidar borboletas e pássaros, além de diversificar e melhorar o ambiente natural. Khambhati Kuva (poço de percolação) - uma técnica tradicional de coleta de água da chuva de 3 m (10 pés) de diâmetro e 9 m (30 pés) de profundidade foi construída para coletar a água da chuva e o solo de recarga. O poço pode absorver de 45.000 a 60.000 litros de água em uma hora.
A escola foi projetada para ser navegada com a ajuda de mais de um dos cinco sentidos:
Visão - Muitos estudantes possuem baixa visão distinguindo espaços com o contraste de luz e sombra ou cores e superfícies contrastantes. As claraboias e aberturas específicas são projetadas para criar áreas contrastantes com luz e sombra. Por exemplo, o hall de entrada das salas de aula especiais é marcado por um pé direito alto com uma claraboia criando um clarão de luz. Além disso, cores contrastantes são usadas nas portas, móveis e quadros elétricos para que os alunos possam facilmente diferenciar os elementos durante o percurso. Como os alunos com baixa visão são sensíveis à luz direta do sol, a sala de aula possui uma luz indireta filtrada pelos pátios e claraboias particulares.
Audição - O som da voz ou dos passos muda conforme o eco produzido nos espaços. O projeto atribui diferentes alturas e larguras às circulações e salas de aula para que as crianças possam reconhecê-los pelo som. Por exemplo, o corredor de entrada tem um pé direito de 3,66 m, e reduz gradualmente para a altura de 2,26 m e também em largura, dando uma qualidade sonora característica em cada ambiente.
Olfato - A paisagem tem um papel significativo no projeto. Os pátios, localizados ao lado da sala de aula e conectados a circulação, têm plantas e árvores aromáticas, que ajudam durante o percurso do edifício.
Tato - O material e as texturas das paredes e do piso, com superfícies lisas e ásperas, guiam os alunos através dos espaços.
Piso - A pedra Kota é o principal material utilizado no piso. A pedra no acabamento bruto marca a entrada em cada sala de aula, enquanto os outros espaços têm a pedra Kota em acabamento liso. Durante o percurso, as mudanças nas texturas orienta os alunos.
Paredes - Existem cinco texturas de gesso diferentes aplicadas nas paredes do edifício. Os dois lados mais compridos da circulação têm texturas horizontais, enquanto o lado mais curto tem texturas verticais. Isto ajuda os estudantes a identificar quais faces do corredor estão percorrendo. O pátio central tem uma textura semi-circular, enquanto a superfície externa do edifício em geral é de gesso cartonado.
Abordagem de engajamento do usuário - Para o projeto da escola, havia a necessidade de reinventar as ferramentas de comunicação e participação. Desta forma, tivemos várias reuniões em diferentes estágios do processo para engajar os alunos e professores no desenvolvimento. Inicialmente, utilizamos maquetes de papelão para iniciar a conversa com os alunos e professores. Assim, eles podiam visualizar a forma construída através do toque, mas logo percebemos que não era fácil compreender os espaços internos e os detalhes. Para solucionar o problema, aplicamos técnicas de comunicação usando uma impressora 3d, que permitiu a construção de desenhos táteis e modelos robustos que os alunos podiam tocar e visualizar os ambientes. Um código de texturas foi elaborado para comunicar o projeto aos alunos e professores, as texturas sobrepuseram o planta e ajudaram a visualizar os espaços arquitetônicos. Os espaços internos possuíam uma textura diferente do exterior, assim como os espaços de circulação ou as salas de aula. Além disso, cada área (sala de aula, circulação e pátio) foi marcada e identificada em braile.
Maquetes detalhadas impressas 3D também fizeram parte da estratégia de comunicação. Isso permitiu que os estudantes as tocassem sem quebrá-las. Os modelos apresentavam detalhes como móveis e escalas humanas para ajudar a entender a organização e a dimensão dos espaços. Antes da construção, fizemos um alinhamento em escala real no local. Todos os curadores, professores e alguns alunos circularam pelo espaço e emitiram seus comentários. Por fim, o empreiteiro construiu maquetes de algumas técnicas que poderiam ajudar os estudantes a circular no edifício. Por exemplo, alguns alunos experimentaram diferentes texturas de reboco de parede para testar sua eficácia.