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Arquitetos: Architectus S/S
- Área: 90969 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Joana França
Descrição enviada pela equipe de projeto. Nas primeiras horas da manhã já começa o movimento. Em sua maioria, frequentadores com roupas de ginástica escolhem começar o dia praticando alguma atividade física da sua preferência. Caminhada, corrida, academia ao ar livre, bicicleta, futebol e vôlei são apenas algumas das opções disponíveis. Tudo isso às margens de 9 lagoas interconectadas, as wetlands. Esse é apenas um breve resumo do que se pode encontrar na 1° etapa do Parque Rachel de Queiroz.
Com 10 km de extensão e cerca de 203 hectares, quando finalizado, o Parque será o 2° maior de Fortaleza – CE. Dada a sua grande extensão, o espaço foi dividido em 19 trechos, dos quais 6 já foram executados. O conceito utilizado para a concepção do projeto foi o de Parque Linear, utilizando o sistema viário existente como conexão entre as áreas verdes que cortam diretamente 8 bairros na zona Oeste da capital cearense.
O sexto trecho, recém-inaugurado, resgata uma área degradada que há muitos anos era motivo de preocupação para a população do bairro Presidente Kennedy. O local, maior área disponível para intervenção do Parque, era um grande terreno baldio, tomado pelo depósito de lixo irregular e esgoto clandestino. Essa situação, contribuía para agravar a poluição do Riacho Cachoeirinha, recurso hídrico que corta o terreno e que estrutura a maior área do parque. Além disso, devido ao intenso processo de adensamento dessa região da cidade e a consequente diminuição das áreas permeáveis no entorno, acarretou alagamentos frequentes no terreno pela sobrecarga no sistema de escoamento das águas pluviais.
Por se tratar de uma área de preservação municipal alagada, o projeto do Parque Rachel de Queiroz adotou a drenagem como eixo estruturador. Para melhorar a qualidade da água do Riacho Cachoeirinha, bem como, criar um sistema de amortecimento de cheias foi empregado a técnica das wetlands. Após estudos hidrológicos, foram propostas 9 lagoas interconectadas que realizam um processo de filtragem natural das águas do Riacho e de galerias pluviais, através de decantação e fitorremediação. Esse processo é realizado por microorganismos que ficam fixados tanto na superfície do solo, quanto nas raízes das plantas aquáticas das lagoas.
Ou seja, além de marcarem o ambiente do Parque através do seu potencial paisagístico, as wetlands são uma estratégia fundamental para a recuperação ambiental da área. Aliado a isso, a implantação de áreas verdes, que envolveu obras de terraplanagem e o plantio de cerca de 600 árvores, foi determinante para melhoraria das condições de desenvolvimento da fauna e flora locais. Após a inauguração desse trecho do Parque, os frequentadores já se acostumaram a ver diferentes espécies do ecossistema nativo em meio a paisagem urbana.
Os caminhos entre as lagoas conduzem os frequentadores para áreas de permanência estruturadas com diversos equipamentos de cultura, esporte e lazer. Anfiteatro, cachorródromo, quadras poliesportivas, playgrounds, espiribol, espaço leitura, academia ao ar livre são apenas algumas das atividades disponíveis. Uma pista bidirecional que circunda todo o perímetro do Parque garante um espaço seguro e apropriado para caminhadas, corridas e passeios de bicicleta. Desde o início do projeto, a diversidade de usos proporcionada pelo programa de necessidades do Parque Rachel de Queiroz foi pensada para incluir e incentivar a apropriação do espaço pela população, entendendo o uso da área como componente fundamental para a sustentabilidade ambiental, evitando que volte a se transformar em local de depósito clandestino de lixo, entulho ou esgoto.
Por se tratar de uma área extensa, a conexão entre os espaços do Parque era essencial para que o mesmo fosse bem utilizado como um todo. Pensando nisso, foram propostas duas passarelas metálicas para que o Riacho Cachoeirinha não se tornasse uma barreira física. Executadas com perfis tubulares em aço e piso em concreto, as passarelas garantem fácil acesso, principalmente, aos frequentadores que chegam pela R. Licurgo Montenegro.
O projeto do mobiliário urbano do Parque levou em consideração dois princípios: sustentabilidade e resistência. Os brinquedos do playground, espaço PET e caramanchões foram executados com peças de eucalipto tratado. Já os bancos possuem assentos em madeira biossintética e estrutura de concreto.
Além de todo o ambiente construído do Parque Rachel de Queiroz, a identidade visual também fez parte do projeto desenvolvido pela Architectus S/S. Desde a logo que evidencia as wetlands como protagonistas até a sinalização com placas e totens que não só direcionam, como educam e informam. Tudo isso para qualificar esse espaço público em diferentes níveis.
É importante contextualizar a área em que o projeto foi implantado: zona Oeste de Fortaleza, marcada por bairros populares que tiveram um alto crescimento populacional nos últimos anos. A região, mesmo detentora de grandes áreas livres, era carente de espaços públicos qualificados até a inauguração do Parque Rachel de Queiroz. Todos esses fatores explicam a rápida apropriação pela comunidade do entorno, inclusive, impulsionando o comércio tanto formal, quanto informal na região.
Poucos meses após a inauguração do Parque Rachel de Queiroz, já é difícil lembrar do terreno que trazia tantos problemas para a população. A transformação em um espaço público movimentado, vivo e pulsante foi rápida. Urbanidade aplicada no melhor sentido da palavra.