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Arquitetos: Trika Arquitetura
- Área: 138 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Efreu Quintana
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Fabricantes: Madeireira Santin, Móveis Pai e Filho
Demanda. A Casa da Silveira foi originalmente projetada pela Helena em 2000 como um volume compacto único – um refúgio de vidro e madeira apoiado sobre uma base de pedra. Na base de pedra estão os ambientes íntimos; e sobre eles o prisma de vidro modulado em planta e em altura de forma a criar espaços flexíveis cuja única função fixa é a de permitir integração com a paisagem natural.
Vinte anos atrás, a Casa da Silveira se inseria na paisagem como um prisma vertical, contrapondo-se à horizontalidade dos gramados e da vegetação baixa do entorno, impunha-se não pela materialidade ou porte, mas sim pelas proporções. Mas o tempo passa. A transparência do projeto permitiu acompanhar a recuperação da vegetação nativa do morro – fruto de ciclos de plantio, observação e manutenção - e também do processo de crescimento edificado do lugar, impondo novas relações, novos enquadramentos da paisagem e novas proporções ao entorno. Também os filhos cresceram, e surgiram novas lógicas de uso. A casa, então, precisava ganhar um pouco mais de conforto e atualizar suas relações com o lugar.
Estratégia. Como estratégia de intervenção, optamos por expandir o volume da base - encaixar uma nova suíte sob a projeção do antigo deck – de modo a aproveitar o corte do terreno feito quando da obra inicial, e manter a mesma área de projeção dos volumes. O rearranjo permitiu transformar o antigo banheiro da suíte em lavanderia, configurando junto ao muro de contenção um corredor de serviços e circulação.
A estratégia compositiva foi a de estender o volume da base e inserir entre os dois volumes – base e caixa de vidro – um plano de concreto que arremata o topo das alvenarias de pedra ao mesmo tempo que cria uma marquise de proteção para a varanda dos quartos. Ao redor da casa foram organizados planos pavimentados em função dos jardins, de algumas pedras e da densificação da vegetação. Por fim, substituindo um fogo de chão utilizado como churrasqueira, foi projetado um quincho encaixado no morro como se fosse uma janela de cozinha aberta para a paisagem.
Resultado. O resultado é uma continuidade das relações formais e espaciais definidas pelo projeto original. Não uma continuidade estática, mas sim uma adaptação: o contexto mudou, a casa também mudou para seguir em um diálogo franco e positivo. A Casa da Silveira ganha mais espaço e conforto ao mesmo tempo que cresce e se expande na medida que o ambiente natural em volta também o faz. Um refúgio de vidro que está agora no meio do bosque: onde antes havia arbustos hoje já se ensaiam troncos; onde antes havia somente céu, hoje há copas verdes; e onde havia somente grama, há jardins e já se ensaia um pomar. Assim, ao passo que a vegetação se verticaliza, a casa se faz horizontal e vai assumindo um papel mais invisível e discreto na paisagem. O tempo passa, a paisagem e a vida mudam, e a casa acompanha.