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Arquitetos: Juliana Godoy, gru.a
- Área: 1200 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Rafael Salim
Descrição enviada pela equipe de projeto. A mostra Raio que o Parta, exibida entre fevereiro e agosto de 2022 no Sesc 24 de Maio, no centro de São Paulo, reflete sobre a noção de "arte moderna" no Brasil para além da década de 1920 e pelo protagonismo muitas vezes atribuído pela história da arte a São Paulo e a artistas do eixo Sudeste. Com curadoria de Aldrin Figueiredo, Clarissa Diniz, Divino Sobral, Marcelo Campos, Paula Ramos e Raphael Fonseca e consultoria de Fernanda Pitta, a exposição busca repensar essa centralidade, no ano em que se comemora os cem anos da Semana de Arte Moderna - realizada no Theatro Municipal de São Paulo em 1922, a pouco metros do 24 de Maio - através da exibição de mais de 600 obras de artistas de todas as regiões do território nacional.
O projeto expográfico, concebido por gru.a (grupo de arquitetos) e Juliana Godoy, a convite do curador geral da mostra Raphael Fonseca, tomou partido das qualidades e desafios do espaço destinado a exposição: o quinto pavimento do edifício reformado/projetado por Paulo Mendes da Rocha e pelo escritório MMBB.
A planta do Sesc 24 de Maio resulta da junção de três edificações antes autônomas e da ocupação de um miolo de quadra. Seu desenho estrutural e espacial resulta, portanto, da articulação dessas três lógicas distintas. A sala destinada à exposição é constituída de dois desses padrões: o perímetro e o miolo. O primeiro deles, o perimetral, tem pé direito livre de apenas 2,8m e pilares muito próximos, resultando em uma difícil espacialidade para exposição de obras de grandes proporções. No segundo, correspondente ao antigo miolo de quadra desocupado, o pé direito é duplo, e há amplo vão livre central, permitido pela criação de quatro novos pilares monumentais que atravessam os 14 pavimentos do edifício, sustentando a estrutura da piscina localizada exatamente neste trecho, mas no terraço do edifício.
A estratégia de ocupação levou em conta essa condição, buscando desfazer a segmentação espacial que divide o espaço e favorecendo o atravessamento livre entre os dois espaços de tipologias distintas. Os painéis que sustentam as obras bi-dimensionais são suspensos do chão pelos pilares existentes do trecho perimetral, infiltrando-se em direção ao espaço de pé-direito duplo, por um lado, e permitindo a conexão visual entre a fachada do edifício e o seu miolo, por outro.
No espaço central é criada uma praça, onde se instala um banco concêntrico e um piso emborrachado na cor azul claro, derramando-se em direção ao perímetro por debaixo dos painéis. Ao amplo espaço da praça, que se fez local de encontro, se integra o educativo da exposição, com intensa programação durante a mostra, se incorporando de diversos usos como conversas, shows e espetáculos de teatro.