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Arquitetos: Ao Cubo Arquitetura
- Ano: 2017
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Fotografias:André Nazareth
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizada em Araras, serra fluminense, num terreno de aproximadamente 20.000 m². O projeto teve como premissa entender o terreno, sua insolação, respeitar suas características, permitindo que as árvores e a topografia indicassem o melhor lugar para se implantar a casa com o menor movimento de terra possível. O entorno generoso na paisagem, favorecia a escolha. Havia o desafio, que se revelou aos poucos, de conjugar uma arquitetura contemporânea, de formas simples e retilíneas, objetivas nas funções, com o interior que receberia mobiliário, objetos e obras de arte do modernismo brasileiro.
O tempo e suas ideias intrínsecas foram os vértices do conceito estético e espacial nas escolhas das proporções e materiais. Aço, concreto, madeira e vidro, materiais atemporais, passeiam nos volumes e detalhes de execução. A casa foi dividida em dois blocos fundamentais em dois pavimentos. O primeiro pavimento (acesso) reservado para as áreas social e íntima, e o segundo reservado para os serviços e área de lazer. A transição se daria por um pátio e permitiu-se que um rasgo circular na laje desse a vez a uma árvore única, o Pau-Mulato, de tronco avermelhado e polido. Neste pavimento de acesso, o primeiro bloco funcionaria como módulo principal com sala, varanda, cozinha, lavabo e suíte principal.
O segundo bloco como módulo de hóspedes, teria duas suítes e uma sala de tv. No primeiro, escolhemos a neutralidade do concreto na fachada, disposto em painéis verticais irregulares, definidos pelas fôrmas de madeira, marcadas pela impressão dos seus nós aleatórios. Neste, houve, por parte do cliente, o pedido de um telhado tradicional, do tipo colonial em quatro águas com um generoso beiral para proteger as esquadrias. As esquadrias têm 2 conjuntos independentes.
O conjunto externo em alumínio com pintura eletrostática na cor preta e o interno desenhado em aço com chapa perfurada, filtrando a luz e substituindo as cortinas. Nas varandas e acessos, optamos pelo balanço generoso das marquises em aço e telhas termoacústicas como elementos horizontais que não interferissem na volumetria do telhado. No segundo bloco, trouxemos a temperatura mais quente e alaranjada das réguas de madeira cumaru, também colocadas na vertical com larguras alternadas. Em contrapartida ao bloco maior, assumimos uma laje única que nos induzia a uma caixa de madeira. Para que a laje não transformasse este espaço num caixote quente nos verões, sugerimos um telhado verde, com um sistema alveolar de baixa manutenção.
Para a proteção das fachadas, projetamos um beiral com facas metálicas, vidro e ripas de madeiras que funcionassem como brises e trouxessem as sombras abstratas e geométricas. Além disso, para receber a luz solar, um céu de estrelas ou a lua, pusemos claraboias ventiladas nos banheiros no lugar de janelas. No pavimento da área de lazer, temos sauna seca, ducha e adega com uma piscina com raia única em concreto aparente. A escolha do concreto deixa que a água assuma a cor refletida pelo céu e de alguma forma, se integre melhor ao contexto.