-
Arquitetos: Bonell+Dòriga
- Ano: 2019
-
Fotografias:Bonell+Dòriga
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto do Edifício Walden-7 (1973-75) em Sant Just Desvern é a obra que coroa o planejamento urbano experimental que Bofill desenvolveu nos anos 60 e 70 em várias partes da Espanha. A sucessão de projetos realizados em Sitges, Reus e Calpe, juntamente com a utopia fracassada da Cidade no Espaço em Madri, culminaram na construção do Walden-7, o mais ambicioso de seus projetos até hoje, e também o mais controverso: os problemas derivados de sua construção arrastaram-se com o tempo, a ponto de ser considerada a demolição de todo o edifício nos anos 80. No final, após reparos custosos, o edifício foi declarado um bem de interesse arquitetônico.
Em uma época em que a requalificação de edifícios antigos é vista como uma medida essencial para o equilíbrio sustentável dos recursos de nosso planeta, o projeto de reforma de um de seus 446 apartamentos se confronta, para além do desenho, a questão adicional de como lidar com o patrimônio arquitetônico contemporâneo. Estamos falando de uma arquitetura tão recente que seus autores ainda estão vivos e profissionalmente ativos. E estamos falando também de uma arquitetura que, após décadas de esquecimento, revive graças à sua presença fotogênica nas redes sociais e à vontade de recuperar um certo espírito experimental na arquitetura, às vezes a partir de uma perspectiva social, urbana ou lúdica; outras vezes de um ponto de vista puramente estético.
O apartamento é composto por 4 módulos desenvolvidos em dois níveis, no 12º e 13º andares do edifício. O primeiro funciona como um grande espaço de planta aberta, enquanto o segundo andar contém os quartos. No entanto, neste projeto é mais importante falar sobre contexto e linguagem, e não tanto sobre a configuração dos ambientes.
Localizado na parte central do complexo, sua pertença no edifício é quase inescapável, mesmo de dentro do apartamento. Cada uma de suas janelas demarca fragmentos do Walden-7. A luz é filtrada através dos ambientes na face norte, e tem nuances mais avermelhadas ao sul.
Neste contexto, foi essencial para nossa intervenção estabelecer uma conexão com o rico tecido da arquitetura de Bofill, mas sem tentar imitá-lo. O projeto introduz referências das cores do lado de fora no interior: vermelho telha, azul-marinho e areia. As topografias que Bofill propôs para os interiores das habitações, mas que raramente foram construídas, foram repensadas e adaptadas às necessidades dos novos proprietários e futuros usuários, com bancos que se tornam sofás e acabam se conectando com a escada existente, que é mantida em sua seção superior e apenas pintada. A geometria escalonada é utilizada nos banheiros, com azulejos de duas cores. E a forma do círculo, tão presente na configuração do sistema de construção e em sua morfologia, aparece em diferentes formas: no degrau, nas luzes, nas divisórias arqueadas, ou nos espelhos.