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Arquitetos: Felipe SS Rodrigues, Sergio Sampaio Archi + Tectônica
- Área: 400 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Fran Parente
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Fabricantes: ABB, Arqlinea, Arqlinea Móveis, Atlas Concorde, Carlos Nunes, Casa Mineira, Codex, Companhia de Iluminação, Concresteel, Deca, Decor Light, Dpot, Eco Flame Garden, Espaço Casa & Jardim, Fanucchi Tapetes, Felipe SS Rodrigues, Filter Mobiliário, Funton Company, Galeria Teo, Heloisa Galvão, +14
Descrição enviada pela equipe de projeto. A residência apelidada de N&GG está localizada na cidade de Monte Mor no condomínio Haras Larissa - parte da Fazenda Sto. Antônio - desde 1980 com forte vocação para práticas equestres. A casa foi iniciada em dezembro de 2020 e concluída em agosto de 2021. Da implantação conceitual à escolha das louças, os proprietários participaram quase em coautoria das decisões que fizeram a casa incorporar a mesma elegância discreta presente no lugar. Passando pelo acesso do Haras – modesto e ao mesmo tempo austero – pela estrada em eixo preciso que se revela ao cruzar o portão escuro, ao Piquete Tambo Nuevo – gleba em que a casa se encontra – até o hall de acesso da casa, nada irrompe a atmosfera da integridade do campo; sem serem arrastados cacoetes urbanos em forma de arquitetura que tanto carregam as mesmas vicissitudes da cidade, recorrente em tantos condomínios com propostas similares.
A casa faria parte do repertório imaginário facilmente de muitos, mas principalmente, do proprietário que a esboçou literal, e conseguiu unir a restrição romântica condominial por telhados em águas, a um sistema construtivo que representasse as ambições do século 21 – a estrutura em cross laminated timber. Se externamente ela é sutil e aprazível, por dentro ela incorpora questões de relevância atuais e imateriais, como sustentabilidade e meio ambiente.
O jardim de flores, pincelado no contorno da residência, abraçou a casa de modo com que a monotonia daquilo que se quer understated pudesse também vibrar com as estações e com as nuances da paisagem. Canteiros indefinidos e ondulantes que se precipitam na mesma ocasionalide da natureza fora da cerca.
Internamente, a casa não sobra. Há espaço onde há convivência, não há dispersão ou introspecção quando o desejo de quem se desloca para o interior seria estar permanentemente fora. Não à toa, a sala abre como um proscênio para a jardim; às vezes, em dias de sol tudo se torna varanda, outros dias de chuva, vitrine.
Dos quatro quartos pouco se ouve as xícaras do café da manhã; acorda-se para a alvorada enevoada, ou às 9h – sendo aceitável acordar próximo da hora do almoço apenas no primeiro dia. A ala dos quartos repousa separada, em silêncio, atrás de uma porta que enquanto fechada diz que alguém ainda dorme.
Na frente da casa foi plantada uma árvore Pau-rosa, provavelmente o último item importante da obra e escolhida exclusivamente por conta da floração de rosa intenso. Surpreendeu saber recentemente, que se tratava de uma espécie há muito explorada – e quase levada a extinção – para a produção do perfume nº5 da Chanel. A árvore de regeneração lenta, dentro de alguns anos fará ela sombra na casa, e no processo de construção de algo aparentemente, tão especial e ameno.