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Arquitetos: AP Arquitetos
- Área: 2000 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Pedro Vannucchi
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Fabricantes: Armstrong, Haiah Revestimentos , Isover, Plasprime, Portinari, Unistein
Objeto. Trata-se da implantação de uma unidade temporária do Sesc na cidade de Mogi das Cruzes em um terreno central com área próxima de 30.000 m². Desta forma o Sesc pode oferecer seus serviços a região em curto período de tempo até a implantação definitiva da unidade. Desta maneira, foram reaproveitadas todas as construções e grande parte da infraestrutura existente no terreno. Esta ideia de reuso orientou e conceituou o projeto de arquitetura e paisagismo proposto.
Conceituação. Entendemos o projeto para o Sesc Mogi das Cruzes, ainda que temporário, como uma intervenção em um objeto existente, mas também presente. Desta forma, buscamos uma arquitetura do detalhe, da escala lúdica, da costura. Costurar algo remete a um pensamento de “correção”, mas que acaba por aceitar um novo estado dos objetos. Passa-se a aceitar um objeto vivido e este é o maior benefício da costura. Procuramos deixar registrada a marca do existente, como uma cicatriz, não em seu sentido de dor ou algo ruim, mas no sentido de tomar consciência. Também novas inserções, paredes construídas, presenças são reveladas, tornando assim os edifícios passíveis de uma leitura de suas marcas.
É necessário compreender que o centro esportivo Socorro, agora nova casa do Sesc Mogi das Cruzes, já possui uma presença e assim uma memória, no tecido da cidade Assim, o projeto se insere como uma metáfora da reciclagem da paisagem, em função de uma necessidade humana de cultivar corpo e mente, em consonância com o objetivo do Sesc de promover ações socioeducativas que contribuam para o bem-estar social e a qualidade de vida dos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo, de seus familiares e da comunidade, para uma sociedade justa e democrática.
O Reciclável. Aceitamos, dentro de um pensamento contemporâneo, um potencial do cotidiano que busca promover soluções simples e de grande impacto na comunidade, desencadeando uma nova ética e estética da simplicidade. Assim, o projeto aproveita as construções existentes inserindo novos usos e significados. O conceito de aproveitamento vem do Latim PROVECTUS, “empurrado, impelido para a frente”, e de PROVEHERE, “fazer andar, levar para a frente, transportar”. Ou seja, o projeto propõe um aproveitamento evolutivo das construções existentes. Propomos que toda a caliça gerada da quebra de paredes seja aproveitada em base de novos pisos em cimento alisado e também na criação de mobiliários (cubos e chaise longues) a serem implantados no terreno em diversos locais. As antigas luminárias presentes no campo de futebol foram reaproveitadas em mesas para a praça do café.
A Implantação. A ocupação do terreno partiu de dois eixos perpendiculares que organizam os fluxos e os programas. O primeiro eixo no sentido leste/oeste chamamos de eixo arte. Este conecta as duas portarias. Logo após o pré-atendimento o usuário irá ver a uma praça de chegada com uso livre e flexível. O eixo conecta ainda praça do café, galpão multiuso e brincar infantil. No meio do eixo previmos uma área de estar/relaxamento com mobiliários tirando proveito das vistas do local e da ampla arborização presente. A partir deste eixo é possível se deslocar até o Espaço de tecnologia e artes e setor administrativo.
O eixo norte sul é composto de duas faixas de calçamento com ampla área verde em seu centro. Este eixo se inicia na Av. Narciso Yague Guimarães. Neste local, inserimos a horta em área de ampla insolação, próximo do quiosque ambiental, antiga cobertura reaproveitada com cobertura reciclada. No encontro dos dois eixos previmos uma ampla área aberta para uso com palco de danças que pode utilizar o gramado para receber público. Após cruzar o eixo leste/oeste chegamos ao nível do antigo campo de futebol. Neste local deixamos área para implantação de palco removível aproveitando as arquibancadas existentes. Inserimos ainda dois campos de futebol de 25x42 m.
Edificações. Para as edificações foram propostas intervenções que trouxessem unidade visual aos edifícios sem grandes intervenções. No geral os edifícios receberam pintura branca, pisos em cimento queimado, troca de vidros danificados, novos forros, limpeza de telhados e novas redes de elétrica, sistemas e hidráulica. As novas intervenções são “marcadas” sendo o restante apenas revitalizado. Assim, as novas esquadrias são em ferro fundido com pintura amarela e as instalações elétricas aparentes. O projeto busca uma revitalização com custo extremamente baixo possibilitando seu uso rápido, utilizando a ideia de reciclagem de usos, edifícios, materiais e história, criando assim significados plurais, lúdicos e funcionais.
