![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior, Janela](https://images.adsttc.com/media/images/631f/887e/115d/8a01/cd26/92db/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_15.jpg?1663010986)
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Arquitetos: Ressano Garcia
- Área: 1190 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Francisco Nogueira
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Fabricantes: Amorim, Revigres, Roca, Topciment, Viega
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior](https://images.adsttc.com/media/images/631f/888d/f55c/6667/c13c/605f/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_16.jpg?1663010974)
Descrição enviada pela equipe de projeto. O presente projecto visa a recuperação do conjunto de ruínas na propriedade agrícola da Fazenda de São Bartolomeu.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior, Cadeira](https://images.adsttc.com/media/images/631f/887f/115d/8a01/cd26/92dc/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_14.jpg?1663010959)
A Situação Existente
O conjunto mais se parece a uma pequena aldeia onde cada edíficio é uma peça distincta do seu vizinho. Transparece uma rica variedade de tipologias e no entanto existe uma profunda uniformidade no todo. As antigas instalações vocacionadas para a agricultura foram construídas e adaptadas de acordo com novas necessidades. A substituição das gentes pela máquina trouxe alterações no uso.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Imagem 27 de 30](https://images.adsttc.com/media/images/631f/886a/f55c/6667/c13c/6058/medium_jpg/planta-piso-terreo-5.jpg?1663010983)
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Dormitório, Madeira, Iluminação, Cadeira, Janela, Viga](https://images.adsttc.com/media/images/631f/8879/115d/8a01/cd26/92d7/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_1.jpg?1663010949)
O conceito
São as paredes que nos contam a história do lugar. Existem diferentes camadas de intervenção sendo sempre possível ler para trás, no tempo, porque o passado é transparente. As paredes agora em ruínas foram erguidas fazendo uso de diferentes tecnologias construtivas. São o adobe, a pedra aparelhada, o tijolo manufacturado e tijolo industrial. Existem ainda o betão, paredes em “tout venant”, tabique e tijolos de cimento.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Cadeira, Janela, Viga](https://images.adsttc.com/media/images/631f/887e/f55c/6667/c13c/605a/medium_jpg/habitar-as-ruinas-resanno_6.jpg?1663010985)
Neste leque variado de soluções existem diferentes relatos, como num texto sobre as técnicas e materiais constructivos locais, através dos séculos, as vidas, os seus saberes a sua cultura.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Mesa](https://images.adsttc.com/media/images/631f/888d/115d/8a01/cd26/92e8/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_28.jpg?1663010974)
Os materias utilizados na nova intervenção estão deliberadamente associados com o momento contemporâno. Pretende-se por um lado usufruir das vantagens e da qualidade dos materias de construção da actualidade e por outro prolongar a ideia de transparência na qual é possível ler a história do lugar, decifrando a narrativa inscrita nas paredes. O projecto procura antes de mais escrever de novo sobre as escritas anteriores contribuindo para a sedimentação daquilo que é a sua identidade.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Janela, Viga](https://images.adsttc.com/media/images/631f/8884/f55c/6667/c13c/605c/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_12.jpg?1663011005)
O Programa
Perante o aglomerado de edifícios agrícolas abandonados, hoje parados na sua totalidade é nos colocada uma questão. O que fazer? Como agir face a estas e tantas outras antigas instalações destinadas a usos agrícolas. Hoje em desuso, a Comunidade Europeia impõem produções mínimas que estão longe das capacidades do clima de Castro Marim. Ao longo do ano, segundo as estatísticas, são cerca de trinta os dias de chuva, a região menos chuvosa de todo o país. Esta é a razão principal pela afluência dum turismo de terceira idade a Monte Gordo e Tavira ao longo de todo o ano. Turistas interessados em aspectos culturais e artísticos, ao contrário dos meses mais quentes do Verão onde existe outro tipo de turismo.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Cadeira, Viga](https://images.adsttc.com/media/images/631f/888e/f55c/6667/c13c/6061/medium_jpg/habitar-as-ruinas-resanno_26.jpg?1663011019)
As condições para uma boa afluência de público estão criadas, por outro lado os proprietários não são agricultores como foram os seus antepassados, são antes pessoas ligadas à cultura. Intelectuais que tém promovido uma série de actividades culturais na Fazenda e que desejam recuperar um espaço para que um numero crescente de eventos possa acontecer. O programa visa a criação de uma alternativa ao turismo de Agosto que caracteriza o Algarve. São actividades que decorrem ao longo de todo ano, usufruindo das boas condições climatéricas e oferecem uma alternativa de interesse cultural.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Janela](https://images.adsttc.com/media/images/631f/887b/115d/8a01/cd26/92d8/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_7.jpg?1663010962)
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Imagem 29 de 30](https://images.adsttc.com/media/images/631f/8869/115d/8a01/cd26/92d4/newsletter/cortes-2.jpg?1663010971)
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores](https://images.adsttc.com/media/images/631f/8890/115d/8a01/cd26/92e9/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_29.jpg?1663011040)
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Janela](https://images.adsttc.com/media/images/631f/888a/115d/8a01/cd26/92e7/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_30.jpg?1663011025)
O objectivo é criar um espaço de cultura. Um espaço que apoia as manifestações culturais de vários artistas e promove manifestações de várias culturas, um encontro de culturas. A Companhia das Culturas. Um lugar que presta serviço ao turismo e á comunidade local desenvolvendo um leque variado de iniciativas. A cultura manifestada nas suas mais variadas expressões que abrange, a gastronomia local, encontros de dança, um atelier de restauro de móveis antigos, exposições de peças de artistas contemporâneos, seminários e encontros em que será também necessário albergar artistas, conferêncistas. A cada espaço corresponde uma determinada função, no entanto o nosso objectivo para o espaço multi-usos tanto exterior (250m2) como interior (180m2) é o de criar de facto um espaço versátil orientado para receber tanto uma peça de teatro, como uma coferência ou ainda a festa do grupo desportivo da vila, entre muitas outras possibilidades
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Viga](https://images.adsttc.com/media/images/631f/8880/115d/8a01/cd26/92dd/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_18.jpg?1663011007)
Devidimos o conjunto em três grupos. O primeiro onde se localiza o parque de estacionamento e a recepção, e que alberga o atelier de restauro de móveis antigos, no antigo edifício da vacaria. É este o primeiro grupo, um núcleo de dois edifícios situados entre o antigo ovil e “monte de cima”. O ovil é o segundo grupo e situa-se a nascente do terceiro grupo que constitui o mais complexo aglomerado de construções, é o maior núcleo do projecto.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Mesa, Prateleira, Cadeira](https://images.adsttc.com/media/images/631f/8887/115d/8a01/cd26/92e4/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_19.jpg?1663011051)
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Dormitório, Prateleira, Cama](https://images.adsttc.com/media/images/631f/8888/115d/8a01/cd26/92e6/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_24.jpg?1663010993)
O edificio do ovil, pelas características espaciais da sua arquitectura é o lugar indicado para promover a gastronomia local. Denominado de Bar, é um local fresco de verão e solarengo de inverno onde se ouve o mar nos dias de levante. É um espaço grandioso onde os visitantes podem descansar e beber algo enquanto esperam ou ainda provar a mais tradicional gastronomia local, variações de atum. Pode ser cru, fumado, grelhado, ou seco, enfim toda uma tradição quase a desaparecer mas de que ainda encontrámos um cozinheiro local e resistente que irá participar no projecto do centro cultural.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores](https://images.adsttc.com/media/images/631f/887d/115d/8a01/cd26/92da/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_23.jpg?1663010959)
Por fim o terceiro grupo onde os grandes espaços designados por multi-uso servirão para as actividades anteriormente descritas. Pretendemos antes de mais gerar um espaço dinâmico onde os acontecimentos se sucedem e se completam. Defenimos para este terceiro núcleo do projecto três zonas principais, o espaço multi-usos, a zona de exposição e espaços para atelier, e ainda uma zona para alojamento.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior, Fachada, Janela](https://images.adsttc.com/media/images/631f/8887/f55c/660f/9626/34dd/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_10.jpg?1663011000)
O lagar, a garagem e a praça são espaços claramente vocacionados para uma ocupação de maior numero de gente. Denominamos esta concentração o espaço multi-usos que em conjunto com a praça comum sugerem um espaço de grande capacidade funcional.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior, Fachada](https://images.adsttc.com/media/images/631f/8885/115d/8a01/cd26/92e3/medium_jpg/habitar-as-ruinas-resanno_13.jpg?1663011031)
O antigo celeiro, o curral murado adjacente e o armazém são edifícios muito encerrados com muito poucas aberturas, virados para dentro, onde estão criadas as melhores condições para uma zona de atelier e exposição, o espaço cultural. Os artistas residentes tem prioridade e expõem nos próprios lugares de trabalho, isto é nos seus atelieres.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Cadeira](https://images.adsttc.com/media/images/631f/8884/115d/8a01/cd26/92e1/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_3.jpg?1663010993)
A terceira zona é defenida pelo conjunto do casario de vocação habitacional, tem espaços mais recortados. Nestes módulos existem antigas infraestruturas, as cozinhas por exemplo, que devem ser preservados. A estrutura espacial destas construções sugere destinar estes espaços para alojamento.
O Proposto
O projecto de arquitectura tem como base respeitar essa ideia de transparência e possibilidade de ler para trás no tempo no entanto, as novas necessidades requerem algumas intervenções. Nas construções existentes são propostos dois núcleos de transformação, um pátio interior e de um pátio exterior.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior, Fachada, Aido](https://images.adsttc.com/media/images/631f/888a/f55c/6667/c13c/605e/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_25.jpg?1663011008)
O pátio interior consiste numa subtração no lado ocidental dos edifícios destinados à habitação. Esta intervenção visa prolongar o pátio existente cujo funcionamento de luz e ventilação resulta muito bem. A extensão trará maior luminosidade e melhor arejamento ao conjunto visto ser actualmente um lugar interior sombrio e sem ventilação.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior](https://images.adsttc.com/media/images/631f/887d/f55c/660f/9626/34db/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_11.jpg?1663010972)
O pátio exterior localiza-se na parte sul do conjunto e tem como objectivo defenir os limites do espaço hoje de passagem. O pátio exterior é definido por elementos verticais que o preenchem. O espaço desenha-se a partir do seu interior e não do seu limite como é vulgar, são estes elementos verticais que definem o pátio em vez das paredes.
![Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior, Janela, Floresta](https://images.adsttc.com/media/images/631f/8882/115d/8a01/cd26/92e0/newsletter/habitar-as-ruinas-resanno_8.jpg?1663010994)