Habitar as Ruínas / Ressano Garcia

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Janela, VigaHabitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior, CadeiraHabitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Cadeira, Janela, VigaHabitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Mesa, Prateleira, CadeiraHabitar as Ruínas / Ressano Garcia - Mais Imagens+ 25

  • Arquitetos: Ressano Garcia
  • Área Área deste projeto de arquitetura Área:  1190
  • Ano Ano de conclusão deste projeto de arquitetura Ano:  2018
  • Fotógrafo
    Fotografias:Francisco Nogueira
  • Fabricantes Marcas com produtos usados neste projeto de arquitetura
    Fabricantes:  Amorim, Revigres, Roca, Topciment, Viega
  • Arquitetos: Pedro Ressano Garcia, João Figueiredo, Sofia Leitão
  • Construtora: RVI, LDA - Eng.º Paulo Gonçalves
  • Estruturas: Eng.º Meireles
  • Térmica E Sistemas: Eng.º Rafael Ribas
  • Cidade: Castro Marim
  • País: Portugal
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Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior
© Francisco Nogueira

Descrição enviada pela equipe de projeto. O presente projecto visa a recuperação do conjunto de ruínas na propriedade agrícola da Fazenda de São Bartolomeu.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior, Cadeira
© Francisco Nogueira

A Situação Existente
O conjunto mais se parece a uma pequena aldeia onde cada edíficio é uma peça distincta do seu vizinho. Transparece uma rica variedade de tipologias e no entanto existe uma profunda uniformidade no todo. As antigas instalações vocacionadas para a agricultura foram construídas e adaptadas de acordo com novas necessidades. A substituição das gentes pela máquina trouxe alterações no uso.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Imagem 27 de 30
Planta - Térreo
Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Dormitório, Madeira, Iluminação, Cadeira, Janela, Viga
© Francisco Nogueira

O conceito
São as paredes que nos contam a história do lugar. Existem diferentes camadas de intervenção sendo sempre possível ler para trás, no tempo, porque o passado é transparente. As paredes agora em ruínas foram erguidas fazendo uso de diferentes tecnologias construtivas. São o adobe, a pedra aparelhada, o tijolo manufacturado e tijolo industrial. Existem ainda o betão, paredes em “tout venant”, tabique e tijolos de cimento.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Cadeira, Janela, Viga
© Francisco Nogueira

Neste leque variado de soluções existem diferentes relatos, como num texto sobre as técnicas e materiais constructivos locais, através dos séculos, as vidas, os seus saberes a sua cultura.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Mesa
© Francisco Nogueira

Os materias utilizados na nova intervenção estão deliberadamente associados com o momento contemporâno. Pretende-se por um lado usufruir das vantagens e da qualidade dos materias de construção da actualidade e por outro prolongar a ideia de transparência na qual é possível ler a história do lugar, decifrando a narrativa inscrita nas paredes. O projecto procura antes de mais escrever de novo sobre as escritas anteriores contribuindo para a sedimentação daquilo que é a sua identidade.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Janela, Viga
© Francisco Nogueira

O Programa
Perante o aglomerado de edifícios agrícolas abandonados, hoje parados na sua totalidade é nos colocada uma questão. O que fazer? Como agir face a estas e tantas outras antigas instalações destinadas a usos agrícolas. Hoje em desuso, a Comunidade Europeia impõem produções mínimas que estão longe das capacidades do clima de Castro Marim. Ao longo do ano, segundo as estatísticas, são cerca de trinta os dias de chuva, a região menos chuvosa de todo o país. Esta é a razão principal pela afluência dum turismo de terceira idade a Monte Gordo e Tavira ao longo de todo o ano. Turistas interessados em aspectos culturais e artísticos, ao contrário dos meses mais quentes do Verão onde existe outro tipo de turismo.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Cadeira, Viga
© Francisco Nogueira

As condições para uma boa afluência de público estão criadas, por outro lado os proprietários não são agricultores como foram os seus antepassados, são antes pessoas ligadas à cultura. Intelectuais que tém promovido uma série de actividades culturais na Fazenda e que desejam recuperar um espaço para que um numero crescente de eventos possa acontecer. O programa visa a criação de uma  alternativa ao turismo de Agosto que caracteriza o Algarve. São actividades que decorrem ao longo de todo ano, usufruindo das boas condições climatéricas e oferecem uma alternativa de interesse cultural.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Janela
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Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Imagem 29 de 30
Cortes
Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores
© Francisco Nogueira
Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Janela
© Francisco Nogueira

O objectivo é criar um espaço de cultura. Um espaço que apoia as manifestações culturais de vários artistas e promove manifestações de várias culturas, um encontro de culturas. A Companhia das Culturas. Um lugar que presta serviço ao turismo e á comunidade local desenvolvendo um leque variado de iniciativas. A cultura manifestada nas suas mais variadas expressões que abrange, a gastronomia local, encontros de dança, um atelier de restauro de móveis antigos, exposições de peças de artistas contemporâneos, seminários e encontros em que será também necessário albergar artistas, conferêncistas. A cada espaço corresponde uma determinada função, no entanto o nosso objectivo para o espaço multi-usos tanto exterior (250m2) como interior (180m2) é o de criar de facto um espaço versátil orientado para receber tanto uma peça de teatro, como uma coferência ou ainda a festa do grupo desportivo da vila, entre muitas outras possibilidades

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Viga
© Francisco Nogueira

Devidimos o conjunto em três grupos. O primeiro onde se localiza o parque de estacionamento e a recepção, e que alberga o atelier de restauro de móveis antigos, no antigo edifício da vacaria. É este o primeiro grupo, um núcleo de dois edifícios situados entre o antigo ovil e “monte de cima”. O ovil é o segundo grupo e situa-se a nascente do terceiro grupo que constitui o mais complexo aglomerado de construções, é o maior núcleo do projecto.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Mesa, Prateleira, Cadeira
© Francisco Nogueira
Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Dormitório, Prateleira, Cama
© Francisco Nogueira

O edificio do ovil, pelas características espaciais da sua arquitectura é o lugar indicado para promover a gastronomia local. Denominado de Bar, é um local fresco de verão e solarengo de inverno onde se ouve o mar nos dias de levante. É um espaço grandioso onde os visitantes podem descansar e beber algo enquanto esperam ou ainda provar a mais tradicional gastronomia local, variações de atum. Pode ser cru, fumado, grelhado, ou seco, enfim toda uma tradição quase a desaparecer mas de que ainda encontrámos um cozinheiro local e resistente que irá participar no projecto do centro cultural.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores
© Francisco Nogueira

Por fim o terceiro grupo onde os grandes espaços designados por multi-uso servirão para as actividades anteriormente descritas. Pretendemos antes de mais gerar um espaço dinâmico onde os acontecimentos se sucedem e se completam. Defenimos para este terceiro núcleo do projecto três zonas principais, o espaço multi-usos, a zona de exposição e espaços para atelier, e ainda uma zona para alojamento.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior, Fachada, Janela
© Francisco Nogueira

O lagar, a garagem e a praça são espaços claramente vocacionados para uma ocupação de maior numero de gente. Denominamos esta concentração o espaço multi-usos que em conjunto com a praça comum sugerem um espaço de grande capacidade funcional.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior, Fachada
© Francisco Nogueira

O antigo celeiro, o curral murado adjacente e o armazém são edifícios muito encerrados com muito poucas aberturas, virados para dentro, onde estão criadas as melhores condições para uma zona de atelier e exposição, o espaço cultural. Os artistas residentes tem prioridade e expõem nos próprios lugares de trabalho, isto é nos seus atelieres.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Interiores, Cadeira
© Francisco Nogueira

A terceira zona é defenida pelo conjunto do casario de vocação habitacional,  tem espaços mais recortados. Nestes módulos existem antigas infraestruturas, as cozinhas por exemplo, que devem ser preservados. A estrutura espacial destas construções sugere destinar estes espaços para alojamento.

O Proposto
O projecto de arquitectura tem como base respeitar essa ideia de transparência e possibilidade de ler para trás no tempo no entanto, as novas necessidades requerem algumas intervenções. Nas construções existentes são propostos dois núcleos de transformação,  um pátio interior e de um pátio exterior.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior, Fachada, Aido
© Francisco Nogueira

O pátio interior consiste numa subtração no lado ocidental dos edifícios destinados à habitação. Esta intervenção visa prolongar o pátio existente cujo funcionamento de luz e ventilação resulta muito bem. A extensão trará maior luminosidade e melhor arejamento ao conjunto visto ser actualmente um lugar interior sombrio e sem ventilação.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior
© Francisco Nogueira

O pátio exterior localiza-se na parte sul do conjunto e tem como objectivo defenir os limites do espaço hoje de passagem. O pátio exterior é definido por elementos verticais que o preenchem. O espaço desenha-se a partir do seu interior e não do seu limite como é vulgar, são estes elementos verticais que definem o pátio em vez das paredes.

Habitar as Ruínas / Ressano Garcia - Fotografia de Exterior, Janela, Floresta
© Francisco Nogueira

Galeria do Projeto

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Localização do Projeto

Endereço:8950 Castro Marim, Portugal

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Localização aproximada, pode indicar cidade/país e não necessariamente o endereço exato.
Sobre este escritório
Cita: "Habitar as Ruínas / Ressano Garcia" 13 Set 2022. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/988846/habitar-as-ruinas-resanno-garcia> ISSN 0719-8906

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