-
Arquitetos: Borsoi Arquitetura, MA Borsoi Arquitetura
- Área: 2310 m²
- Ano: 2022
-
Fotografias:Joana França
Descrição enviada pela equipe de projeto. É grande a emoção de participar desse momento de conclusão do Instituto Pernambuco Porto - IPP na Cidade do Porto, Portugal. Junto com a minha irmã Roberta Borsoi, garantimos a coerência e a sequência da última e cara obra de Acácio e Janete.
Trata-se de um Edifício Institucional e Centro Cultural no Campus da Universidade do Porto. Uma obra magnífica de síntese, sutileza e integridade. A arquitetura que contínua e que hoje pode redescobrir o caminho de sempre! O edifício de três pavimentos e com 2.310,00 metros quadrados, está localizado em um terreno arborizado de 7.895,00 metros quadrados, no alto da colina à cavaleiro da paisagem do Rio Douro e vizinho à icônica Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, do arquiteto Álvaro Siza.
Segundo Acácio Gil Borsoi, o Projeto tem a intenção de criar e levar uma “peculiar expressão tipológica da arquitetura brasileira”, as formas simples e puras, a leveza e a transparência, a relação dos espaços e das áreas livres ao redor. A tradição moderna brasileira e sua adequação ao lugar, pode ser depurada como valores transcendentes e metafísicos. Mas, há uma forte sintonia com os valores essenciais da cultura contemporânea, sensíveis às demandas tecnológicas e ao sentido dos espaços abertos, expositivos e interpenetráveis.
Há, portanto, a forma como linguagem nascida das circunstâncias do projeto, a intenção e a não submissão – a proporção, o saber começar e o saber parar. Os primeiros esboços do Projeto do Instituto Pernambuco Porto são de 1994!
Desde o início havia a pretensão de se inverter e devolver a Portugal a generosidade dos antigos Gabinetes Portugueses de Leitura. Havia essa inspiração – uma instituição, uma biblioteca, um centro de estudos lusófonos – um lugar corporificado em um edifício voltado ao intercâmbio luso-brasileiro e manter vivo o seu país de origem. No Brasil existem três Gabinetes, no Rio de Janeiro (1837), no Recife (1850) e em Salvador (1863).
Depois o programa foi ampliado para um Centro Cultural, com biblioteca, auditório e amplos espaços expositivos, flexíveis e adaptáveis. O programa abrange, também, a atividade cultural acadêmica, as relações empresariais e internacionais. Há o bloco de intercâmbio com o boardroom e os flats – alojamento de professores e pesquisadores temporários – em convênio com a Universidade do Porto.
Para Borsoi, havia o desafio de encontrar o caráter do edifício! No projeto, se propôs a ultrapassar os limites da criatividade, abrindo um significativo diálogo com o contexto, a tipologia, a construção e os materiais. O contexto, o grande tema de reflexão das últimas décadas, interage fortemente com o testemunho da maturidade: “A arquitetura nunca existe sem a construção. Mas é preciso inscrever-se em mecanismos fundamentais – a raiz da composição, o orgânico sentido de ordem – para atingir a condição da beleza e da emoção”.
Gosto muito do Projeto do Instituto Pernambuco Porto. As circunstâncias, o programa, o autor e a sua adequação às boas transformações pós-modernas tornam, de fato, esse projeto bem especial.
É impressionante, por exemplo, a escadaria monumental de acesso à biblioteca, no primeiro pavimento, ser projetada na forma em que está! É o único vestígio conceitual, propriamente dito, daqueles Gabinetes Portugueses de Leitura no Brasil e que, aliás, se apoiavam fortemente na identidade da arquitetura portuguesa pós-renascentista. Acho um valor inconsciente, incorporado na própria arquitetura portuguesa, entrar em uma arquitetura intencionalmente racional, moderna e brasileira, como a de Borsoi!